Crédito e Cobrança

Plano Safra 2025/2026: crédito mais caro e tensão com o setor agropecuário

O lançamento do Plano Safra empresarial 2025/2026 ocorre em um momento delicado entre o governo federal e o setor produtivo rural. Anunciado com expectativa de recorde nos valores destinados ao crédito, o novo plano também chega com aumento nos juros e medidas tributárias que geraram críticas por parte do agronegócio.

Lançamento sob tensão: aumento de impostos e impacto direto no agro

Nos bastidores do setor agropecuário, há um crescente descontentamento. A insatisfação é alimentada principalmente pelo decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e pela Medida Provisória que encerra a isenção do Imposto de Renda sobre as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

Essas mudanças atingem diretamente o financiamento rural, já que as LCAs sempre foram uma das principais fontes de funding do setor. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) classificou a medida como “preocupante” e alertou para os efeitos da tributação de 5% sobre esses títulos, o que deve desestimular os investidores e reduzir o volume de recursos destinados ao crédito rural.

Aumento dos juros e Selic elevada: crédito mais caro para o produtor

Com a taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados, todas as linhas de crédito do novo Plano Safra sofreram aumento nos juros. Isso dificulta ainda mais o acesso ao financiamento, sobretudo para produtores que já operam com margens apertadas e custos crescentes.

O lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, com R$ 89,2 bilhões, também trouxe juros mais altos, o que reforça a tendência de encarecimento do crédito rural em todas as frentes.

Redução no orçamento do seguro rural preocupa o setor

Outro ponto de tensão é o orçamento destinado ao PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural). Considerado essencial para proteger a produção agropecuária contra perdas decorrentes de eventos climáticos, o seguro rural sofreu cortes e bloqueios importantes.

Atualmente, o programa conta com cerca de R$ 1 bilhão, mas o setor reivindica o aumento para R$ 4 bilhões. Em junho, o governo bloqueou R$ 354,6 milhões e contingenciou outros R$ 90,5 milhões, o que gerou críticas por parte de produtores e entidades representativas.

Proposta de financiamento rural em dólar ganha força

Uma alternativa em discussão é a criação de uma linha de crédito rural indexada ao dólar. A proposta tem ganhado adesão dentro do governo federal, especialmente para atender produtores com receita em moeda estrangeira, como os de soja, milho, café e algodão.

A CNA defende que a linha seja voltada a produtores com contratos atrelados ao dólar e que contem com instrumentos de proteção como contratos futuros. Além disso, sugere uma regulação do spread bancário para evitar cobranças abusivas.

Expectativas e desafios para o Plano Safra 2025/2026

Apesar da expectativa de que os valores totais destinados ao crédito ultrapassem os R$ 584 bilhões da safra anterior, o governo enfrenta dificuldades em atender todas as demandas do setor rural. O espaço fiscal apertado, a alta dos juros e as mudanças tributárias desenham um cenário mais desafiador para a próxima safra.

O momento exige diálogo e equilíbrio entre incentivo à produção e responsabilidade fiscal, para garantir que o campo continue produzindo com segurança, competitividade e sustentabilidade.

Redação Contraponto

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