Novo CNPJ com letras e números: o que muda para as empresas?

A Receita Federal anunciou uma mudança significativa na identificação das pessoas jurídicas no Brasil: a introdução do CNPJ alfanumérico, que inclui letras e números. A medida faz parte do processo de modernização do sistema tributário nacional e será adotada a partir de julho de 2026. Neste artigo, você vai entender tudo sobre o novo modelo, quem será afetado e o que precisa ser feito pelas empresas.
O que é o CNPJ alfanumérico?
O novo CNPJ seguirá o mesmo formato de 14 caracteres, mas agora poderá conter tanto letras (de A a Z) quanto números (de 0 a 9). A estrutura visual continuará semelhante, com pontuação e separadores iguais ao modelo atual. A grande diferença será a inclusão de letras entre os dígitos.
Essa mudança permitirá um número muito maior de combinações, evitando o esgotamento das possibilidades do formato numérico tradicional, que já identifica cerca de 60 milhões de estabelecimentos.
Por que o CNPJ está mudando?
A alteração tem como principal objetivo ampliar a capacidade do sistema. Com o crescimento constante de novas empresas, filiais, cooperativas e outros tipos de registros, o modelo apenas numérico estava se aproximando de seu limite.
A inclusão de letras possibilita bilhões de novas combinações, garantindo sustentabilidade e flexibilidade ao sistema de identificação empresarial por décadas.
Quando a mudança será implementada?
A adoção do CNPJ alfanumérico começará gradualmente a partir de julho de 2026. A Receita Federal vai divulgar um cronograma para definir quais tipos de contribuintes passarão a utilizar o novo formato primeiro.
Quem receberá o novo CNPJ com letras?
Apenas novas inscrições feitas após a data de implementação receberão CNPJs com letras. Isso inclui:
- Novas empresas
- Filiais
- Profissionais liberais
- Produtores rurais
- Condomínios
Empresas que já possuem um CNPJ continuarão com seu número atual. Não será necessário nenhum tipo de substituição ou atualização para essas organizações.
O processo de abertura de empresas vai mudar?
Não. O procedimento de solicitação do CNPJ permanece o mesmo. A única diferença será a possibilidade de o número gerado conter letras. Todos os sistemas públicos e da REDESIM estarão preparados para isso até a data de implementação.
O que as empresas precisam fazer para se adaptar?
Empresas que utilizam softwares de emissão de notas fiscais, gestão financeira ou controle tributário precisarão atualizar seus sistemas. É fundamental que bancos de dados, sistemas de ERP e rotinas internas estejam prontos para:
- Reconhecer o novo formato com letras
- Calcular corretamente o Dígito Verificador
- Evitar erros na emissão de documentos fiscais e no cumprimento de obrigações legais
A Receita Federal vai fornecer ferramentas e orientações técnicas para ajudar nesse processo de adaptação.
Empresas já registradas precisam fazer algo?
Não. As empresas e profissionais que já possuem CNPJ não precisam tomar nenhuma providência. Todos os sistemas públicos serão atualizados para aceitar tanto o formato antigo quanto o novo, sem impacto direto no dia a dia das empresas já existentes.
Como será feito o cálculo do Dígito Verificador?
O Dígito Verificador (DV), que garante a validade do número do CNPJ, continuará sendo calculado pelo método Módulo 11, mas com adaptações para incluir letras.
Para isso, cada letra será convertida em um número com base na tabela ASCII, subtraindo-se o valor 48. Por exemplo, a letra A (ASCII 65) passará a valer 17 (65 – 48) no cálculo.
A Receita Federal também disponibilizará códigos prontos em linguagens de programação como Java, Python e C# para facilitar a implementação do novo cálculo em sistemas.
Qual a relação com a reforma tributária?
A adoção do CNPJ alfanumérico é uma das medidas preparatórias para a reforma tributária, que prevê a criação de tributos como:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
Esses novos tributos exigirão sistemas mais modernos e integrados, e o novo modelo de CNPJ facilita essa transição. Ele também ajuda na separação de despesas pessoais e empresariais, no controle fiscal e na automação de processos.
Haverá custos para as empresas?
Sim. Empresas precisarão investir na atualização de seus sistemas para:
- Reconhecer o novo formato com letras
- Validar corretamente o Dígito Verificador
- Garantir que a emissão de documentos fiscais ocorra sem erros
O impacto financeiro pode variar conforme a estrutura tecnológica de cada organização, mas é importante considerar esse investimento como parte da preparação para um novo cenário fiscal.