Open Finance como aliado estratégico na recuperação de crédito

No episódio 161 do podcast ContraPonto, Pedro Felipe Marcos Guerra recebem Bernardo Meirelles para uma conversa reveladora sobre como o Open Finance está revolucionando as estratégias de recuperação de crédito no Brasil. Em um mercado pressionado por inadimplência crescente e exigências regulatórias, o uso inteligente dos dados financeiros compartilhados entre instituições promete ser o divisor de águas na forma como as empresas cobram e renegociam dívidas.
O que é Open Finance e por que ele importa na cobrança?
O Open Finance permite que os usuários compartilhem seus dados bancários com outras instituições financeiras, mediante consentimento. Isso inclui informações como renda, gastos, saldo em conta, datas de recebimento e comportamento financeiro em geral.
No contexto da cobrança, isso representa uma virada de chave poderosa: agora é possível entender a real capacidade de pagamento de um devedor, identificar o melhor momento para propor uma renegociação e até prever a inadimplência antes que ela aconteça.
Principais insights do episódio
1. Recuperação personalizada com base em dados reais
Em vez de abordagens genéricas, o Open Finance permite identificar triggers financeiros como aumento de saldo em conta, recebimento de salário ou variações no comportamento bancário. Isso possibilita uma atuação mais assertiva, humana e respeitosa com o consumidor.
“É possível saber exatamente o dia que o salário cai na conta do cliente e propor um acordo nesse momento. Isso muda tudo.” – Bernardo Meirelles
2. Redução de riscos e fraudes
Em vez de solicitar documentos como holerites e declarações de IR, as instituições podem acessar, com segurança e regulação do Banco Central, os dados reais dos clientes. Isso aumenta a confiança e reduz fraudes no processo de concessão de crédito e renegociação.
3. Automação inteligente das estratégias de cobrança
Com dados bem estruturados, é possível alimentar sistemas de cobrança com modelos preditivos e variáveis personalizadas, melhorando taxas de conversão e reduzindo o custo operacional.
4. Duplo consentimento: LGPD + Open Finance
Uma das boas práticas destacadas é a utilização de um modelo de duplo consentimento: um para o Open Finance e outro conforme a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), garantindo transparência e segurança jurídica.
O que muda para as empresas de cobrança?
Empresas que souberem aplicar o Open Finance em suas estratégias operacionais vão sair na frente. Segundo Bernardo, instituições menores agora podem ter acesso a dados e recursos antes exclusivos de grandes bancos, tornando o mercado mais competitivo e eficiente.
Além disso, o Open Finance reduz o tempo de cadastro, permite validações automáticas e melhora a experiência do cliente, que passa a receber propostas mais realistas, sem abordagens invasivas ou fora de contexto.
Exemplos práticos abordados no episódio:
- Cadastro expresso com dados já validados por outros bancos
- Oferta de acordo ajustada à realidade financeira atual do cliente
- Uso de API e interoperabilidade entre instituições para leitura unificada dos dados
Conclusão: o Open Finance é o futuro da cobrança
Se antes a cobrança era um setor reativo e muitas vezes conflituoso, com o Open Finance ela passa a ser inteligente, estratégica e centrada no consumidor. A tecnologia permite uma atuação baseada em dados reais, que respeita o momento financeiro do cliente e aumenta exponencialmente as chances de recuperação.
Empresas que ainda tratam Open Finance como algo secundário estão ficando para trás. A transformação já começou, e quem não se adaptar agora pode perder relevância em um mercado cada vez mais competitivo.
Quer saber mais?
Assista ao episódio completo no canal do YouTube do Podcast ContraPonto: