Selic a 15% força bancos privados a reduzirem risco no crédito no segundo trimestre

O cenário de juros altos e desaceleração econômica no Brasil está afetando diretamente as estratégias de concessão de crédito dos grandes bancos. Com a Selic a 15%, Bradesco, Itaú e Santander adotaram uma postura mais conservadora no segundo trimestre de 2025, reduzindo a exposição ao risco e priorizando linhas de crédito com maior garantia e foco no público de alta renda.
Essa mudança de comportamento contribuiu para que os bancos evitassem um aumento expressivo da inadimplência, cenário que já é observado em outras instituições financeiras, segundo dados divulgados pelo Banco Central.
Bancos priorizam crédito com garantia e clientes de alta renda
Diante de um ambiente econômico instável, os grandes bancos optaram por concentrar suas carteiras de crédito em operações com menor risco. A prioridade foi para o crédito com garantia como empréstimos com imóvel ou veículo em garantia, e produtos voltados ao público de alta renda, que historicamente apresenta menor probabilidade de inadimplência.
Essa estratégia protege a rentabilidade das instituições financeiras ao mesmo tempo em que reduz a exposição a perdas em um cenário de desaceleração.
Inadimplência cresce no sistema, mas grandes bancos escapam
Enquanto muitos players do sistema financeiro enfrentam o aumento da inadimplência, os três maiores bancos conseguiram manter seus indicadores sob controle. Segundo o Banco Central, a taxa média de calotes no sistema bancário vem subindo nos últimos meses, reflexo da alta dos juros, perda de renda das famílias e menor atividade econômica.
Entretanto, ao evitarem o crédito mais arriscado e diversificarem suas carteiras, Bradesco, Itaú e Santander conseguiram mitigar os impactos da inadimplência, mantendo a qualidade de seus ativos.
Lucros continuam elevados, mas há alerta para o segundo semestre
Apesar do cenário desafiador, os três bancos somaram R$ 21,23 bilhões em lucro líquido no segundo trimestre de 2025. O desempenho financeiro continua forte, impulsionado pela estratégia conservadora e pelo aumento da receita com juros, favorecido pela própria alta da Selic.
Contudo, analistas já apontam incertezas para o segundo semestre, especialmente em relação à capacidade das famílias e empresas de manterem seus compromissos financeiros caso o cenário de juros elevados persista.
O impacto da Selic no crédito bancário
A taxa Selic a 15% tem impacto direto sobre o custo do crédito. Com juros mais altos, os financiamentos ficam mais caros para o consumidor, o que naturalmente leva a uma menor demanda e maior risco de inadimplência. Esse ambiente leva os bancos a reavaliar continuamente suas carteiras e políticas de concessão, buscando preservar a rentabilidade e a solidez financeira.
Além disso, a Selic alta também favorece aplicações de renda fixa, o que pode levar à migração de recursos do consumo para o investimento, agravando a retração da atividade econômica.