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Santander mantém rentabilidade mesmo com alta da inadimplência

O Santander Brasil surpreendeu o mercado ao divulgar um lucro líquido de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um crescimento de 27,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo enfrentando um cenário desafiador, marcado pelo aumento da inadimplência e pelo impacto de novas regras contábeis, o banco conseguiu manter sua rentabilidade acima das expectativas.

Lucro e rentabilidade acima do esperado

O resultado positivo veio apesar da sazonalidade do primeiro trimestre, tradicionalmente mais fraco para o setor bancário. Empresas e famílias costumam ter menos recursos disponíveis no início do ano, o que afeta tanto o crédito quanto os pagamentos. Mesmo assim, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Santander alcançou 17,4%, superando as projeções do mercado.

De acordo com o presidente do banco, Mario Leão, o Santander está no caminho certo para atingir 20% de ROE no médio prazo. Ele destacou que 2024 foi um ano de recuperação significativa de lucro e rentabilidade, e que o foco para os próximos meses será continuar ampliando o relacionamento com os clientes para aumentar a rentabilidade e reduzir riscos.

Estratégia foca na qualidade da carteira de crédito

O Santander tem direcionado esforços para áreas mais rentáveis, como alta renda, pequenas e médias empresas e o segmento de atacado, onde o ROE já ultrapassa os 20%. Segundo Leão, o “varejo massificado” ainda puxa a média para baixo, mas as novas carteiras nesse segmento já apresentam um retorno prospectivo acima de 20%.

Além disso, o banco reforçou sua política de provisões para crédito, adicionando R$ 5,6 bilhões extras no trimestre, em resposta à Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN). Essa nova regra exige que os bancos provisionem os empréstimos de acordo com o risco e não apenas pelo atraso, o que aumenta a necessidade de reservas.

Aumento da inadimplência levanta alertas

Um dos pontos de atenção no balanço foi o crescimento da inadimplência de curto prazo, especialmente entre pessoas físicas. O atraso entre 15 e 90 dias subiu de 3,7% para 4,1% no trimestre, o que gerou cautela entre os analistas. Segundo Daniel Vaz, do Safra, esse aumento pode indicar um sinal negativo para a qualidade dos ativos.

Por outro lado, o vice-presidente Financeiro do Santander, Gustavo Alejo, explicou que parte dessa elevação foi resultado de políticas mais restritivas de renegociação, adotadas desde 2023. Ele destacou que a inadimplência de curto prazo não deve necessariamente se transformar em inadimplência de longo prazo, reforçando a confiança na qualidade da carteira de crédito.

Perspectivas para o mercado e os próximos trimestres

Apesar do aumento da inadimplência, o mercado recebeu os resultados de forma mista, mas sem grandes revisões nas expectativas para 2025. Gustavo Schroden, do Citi, avaliou que há uma melhoria estrutural no ROE, enquanto Marcelo Mizrahi, do Bradesco BBI, projetou uma reação neutra do mercado diante dos números apresentados.

Com uma estratégia voltada para relacionamento com o cliente, foco em segmentos mais rentáveis e maior solidez na provisão de crédito, o Santander Brasil mostra resiliência mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador. A expectativa, segundo a liderança do banco, é manter a trajetória de rentabilidade sustentável, ainda que o crescimento do lucro neste ano não repita o forte avanço de 2024.

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