CAPACrédito e Cobrança

Concessão de crédito cresce 6% em março

O mercado de crédito no Brasil apresentou crescimento significativo em março, impulsionado por modalidades como crédito pessoal, cheque especial e, especialmente, o novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado. De acordo com o Banco Central, o volume total de crédito no país atingiu a marca de R$ 6,484 trilhões, revelando um aumento de 0,6% em relação a fevereiro. Mas o que explica esse avanço em um cenário de juros elevados e inflação ainda resistente?

Vamos entender os fatores por trás dessa expansão e os cuidados que o consumidor deve tomar ao buscar crédito neste momento.

Crescimento nas concessões com recursos livres

As concessões de crédito com recursos livres, ou seja, aquelas com condições livremente negociadas entre bancos e consumidores, cresceram 3,5% em março. Isso inclui modalidades como crédito pessoal e cheque especial, que costumam ser acessadas rapidamente por quem precisa de dinheiro urgente.

Apesar desse crescimento, as taxas de juros também aumentaram. A média para essas operações subiu 0,5 ponto percentual, indicando que, embora o crédito esteja mais disponível, ele também está mais caro para o consumidor final.

Enquanto o crédito livre cresce, o crédito direcionado — aquele com regras definidas pelo governo, como financiamentos imobiliários ou estudantis — teve queda de 4,4% no mês.

Por outro lado, o novo crédito consignado privado, voltado para trabalhadores com carteira assinada, teve uma alta expressiva de 32,8% nas concessões em março, comparado a fevereiro. Isso representa um volume de R$ 2,1 bilhões no mês, mas o número sobe para R$ 8,9 bilhões considerando também os dados de abril, segundo o Ministério do Trabalho.

Esse programa foi criado com o objetivo de reduzir o custo dos empréstimos para trabalhadores já endividados. No entanto, a taxa média anual subiu de 40,9% para 43,0%, o que liga o sinal de alerta quanto ao real impacto da medida no orçamento dos consumidores.

Estabilidade na inadimplência e aumento do spread bancário

A inadimplência nas operações com recursos livres ficou estável em 4,4%, o que indica que o aumento na oferta de crédito ainda não pressionou negativamente o pagamento das dívidas.

Entretanto, o spread bancário — a diferença entre o que o banco paga para captar o dinheiro e o que cobra do cliente — subiu de 29,5 para 29,8 pontos percentuais, reforçando que o custo final do crédito para o consumidor continua elevado.

O que esperar para os próximos meses?

O Banco Central tem reforçado a necessidade de frear a atividade econômica para controlar a inflação, e o crédito é um dos principais canais dessa política. Com isso, é provável que vejamos uma maior seletividade por parte dos bancos, focando em linhas mais seguras, como o consignado, e maior rigor na concessão para perfis de risco.

Já o governo, por meio do novo consignado, busca oferecer alternativas de menor custo para quem já está endividado, mas especialistas alertam para o risco de superendividamento se essa linha for usada para novas dívidas, e não apenas para substituir dívidas mais caras.

A expansão do crédito em março mostra um movimento ambíguo: ao mesmo tempo que há maior disponibilidade de recursos, o custo está mais alto e o cenário macroeconômico impõe cautela. Para o consumidor, o momento exige planejamento financeiro, comparação entre modalidades de crédito e atenção às taxas de juros.

Buscar crédito pode ser necessário, mas a escolha da modalidade certa pode fazer toda a diferença entre resolver um problema financeiro e agravar ainda mais a situação.

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