Apostas e Crédito: por que apostadores têm maior risco financeiro, segundo o Banco Central

Durante sua participação na CPI das Apostas Esportivas, o diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, trouxe dados alarmantes sobre a relação entre apostas e risco de crédito. Segundo os estudos da instituição, pessoas que realizam apostas têm maior probabilidade de inadimplência e recebem uma classificação de risco mais elevada por parte das instituições financeiras.
Galípolo afirmou que levantamentos recentes conduzidos pelo Banco Central revelaram que o comportamento de realizar apostas está diretamente associado a um aumento significativo no risco de crédito. Mesmo quando controlados fatores como faixa de renda e tipo de operação financeira, os apostadores demonstram um padrão de maior exposição e instabilidade financeira.
Esse dado já começa a ser incorporado por bancos e instituições financeiras na análise de crédito. Hoje, o fato de uma pessoa apostar pode influenciar negativamente seu score de crédito, tornando mais difícil a obtenção de financiamentos ou limites maiores.
Banco Central colabora na regulamentação das apostas
No contexto da CPI, Galípolo destacou também que o Banco Central tem atuado em conjunto com a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, no processo de regulamentação do setor. A colaboração envolve esclarecer como os arranjos de pagamento e o sistema financeiro podem contribuir para o monitoramento mais eficaz do mercado de apostas.
Uma das frentes mais recentes do estudo é o uso de ferramentas como o KINAR, que permitem cruzar dados e aprofundar a análise sobre o comportamento financeiro dos apostadores. O objetivo é entender como esse perfil evolui e se o risco vem aumentando ou diminuindo ao longo do tempo.
Quanto realmente se perde em apostas?
Segundo estimativas do próprio Banco Central, cerca de 85% do valor apostado retorna aos usuários como prêmio. No entanto, a SPA aponta que esse percentual pode ser ainda maior, chegando a 93% ou 94%, dependendo da plataforma. Apesar desse retorno, o impacto na renda das famílias não pode ser ignorado, já que a destinação constante de parte da renda às apostas representa, na prática, uma diminuição no poder de compra.
Um dado que chamou atenção foi revelado em um estudo da Ambima: muitos brasileiros enxergam as apostas como uma forma de investimento. Em algumas pesquisas, essa prática apareceu como a segunda maior alternativa de investimento mencionada pelos entrevistados. Isso evidencia um problema de percepção e reforça a importância da educação financeira.
Galípolo concluiu destacando que o Banco Central tem investido continuamente em ações de educação financeira, inclusive com postagens informativas em redes sociais. O objetivo é corrigir a percepção equivocada sobre apostas, mostrando que não se trata de um investimento seguro, e sim de um comportamento de risco.