CAPACrédito e Cobrança

Demanda por crédito empresarial cresce com cautela em meio à Selic alta

A busca por crédito por parte das empresas brasileiras continua crescendo, mas em um ritmo mais moderado. Em março de 2025, a alta foi de apenas 0,9% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo o Indicador de Demanda das Empresas por Crédito, da Serasa Experian. Esse movimento, ainda que positivo, reflete o impacto direto da taxa Selic elevada sobre o apetite das empresas por financiamentos.

Micro e pequenas empresas puxam a alta na demanda por crédito

O crescimento tímido observado em março foi sustentado principalmente pelas micro e pequenas empresas, que aumentaram a procura por crédito em 1,1%. Essas empresas, muitas vezes com maior vulnerabilidade ao fluxo de caixa, utilizam o crédito como ferramenta para manter a operação em dia, especialmente em cenários de baixa receita.

Já as médias e grandes empresas apresentaram retração: a demanda por crédito caiu 4,8% entre as médias e 4,7% entre as grandes corporações. Esse movimento revela maior cautela nos investimentos e decisões financeiras por parte de empresas com mais estrutura e acesso a alternativas de financiamento.

Juros altos freiam o crédito e investimentos

A taxa Selic vem sendo elevada desde 2024 com o objetivo de controlar a inflação. Em maio de 2025, ela atingiu 14,75% ao ano — um dos níveis mais altos dos últimos anos. Essa elevação torna o crédito mais caro e reduz o consumo, uma estratégia do Banco Central para desacelerar a economia e conter a alta de preços.

No entanto, o efeito colateral desse movimento é sentido pelas empresas. Com o crédito mais caro, muitas adiam projetos, reduzem o ritmo de expansão e tornam-se mais seletivas ao recorrer a financiamentos.

Setor de serviços lidera a procura por empréstimos

Entre os segmentos da economia, o setor de serviços liderou a demanda por crédito em março, com alta de 3,3% em relação ao ano anterior. Em segundo lugar veio a indústria, com 2,9% de crescimento. O comércio, por outro lado, registrou queda de 2,5%, refletindo talvez um cenário de consumo mais fraco e custos operacionais elevados.

Segundo especialistas, essas variações entre setores e portes empresariais demonstram que a decisão de buscar crédito hoje está muito mais relacionada à expectativa de mercado, ao comportamento do consumidor e à previsão de custos do que a uma necessidade imediata de expansão.

Consumo mais fraco e cautela no mercado

A inflação acumulada de 12 meses até abril chegou a 5,53%, segundo o IBGE. A política de juros altos visa conter essa pressão inflacionária, mas seu efeito é uma economia com consumo mais fraco e empresas mais conservadoras.

Mesmo com esse cenário, a demanda total por crédito no acumulado de 12 meses até março teve alta de 4,2%, o que indica que, apesar das dificuldades, as empresas continuam recorrendo ao mercado financeiro — com mais cautela, mas ainda presentes.

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