
Em fevereiro de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, registrou uma alta de 1,31%, marcando o maior índice para o mês desde 2003, quando atingiu 1,57%. Esse avanço coloca em alerta consumidores, investidores e o próprio Banco Central, que busca manter a inflação dentro da meta anual.
Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulou uma elevação de 5,06%, superando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3%, com um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%. Esse cenário reforça as preocupações sobre o impacto da inflação no custo de vida e na política monetária do país.
Os principais vilões da inflação de fevereiro
1. Energia Elétrica Residencial: O Maior Impacto do Mês
O setor de Habitação foi o grande responsável pela alta do IPCA em fevereiro, avançando 4,44%. O fator mais relevante foi o aumento expressivo nas tarifas de energia elétrica residencial, que subiram 16,80%, adicionando 0,56 ponto percentual ao índice geral. Esse aumento reflete o fim do Bônus de Itaipu, um desconto que havia reduzido as tarifas em janeiro.
2. Educação: Reajuste das Mensalidades Pressiona o Orçamento das Famílias
O grupo Educação teve a maior variação no mês, com uma alta de 4,70% e um impacto de 0,28 ponto percentual no IPCA. Esse movimento é sazonal e ocorre todos os anos devido aos reajustes das mensalidades escolares no início do ano letivo.
3. Alimentação e Bebidas: Inflação nos Supermercados Ainda Preocupa
O segmento de Alimentação e Bebidas registrou um aumento de 0,70%, desacelerando em relação a janeiro, quando subiu 0,96%. Apesar disso, alguns itens essenciais tiveram altas expressivas:
- Ovos de galinha: +15,39%
- Café moído: +10,77%
A valorização dos ovos foi impulsionada pelo aumento da exportação, resultado de surtos de gripe aviária nos Estados Unidos, além da maior demanda interna devido ao retorno das aulas.
4. Transportes: Alta nos Combustíveis Continua Pesando no Orçamento
O grupo Transportes registrou uma variação de 0,61%, influenciada principalmente pela alta dos combustíveis. A gasolina, por exemplo, contribuiu com 0,14 ponto percentual para o índice total, reforçando o peso do setor na inflação.
Inflação para as famílias de baixa renda: INPC também sobe
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até 5 salários mínimos, teve uma variação de 1,48% em fevereiro. Esse é o maior avanço para o mês desde 2003 (1,46%) e a maior variação mensal desde março de 2022 (1,71%). Isso significa que os impactos da inflação estão sendo sentidos de forma mais intensa pelas famílias de menor poder aquisitivo.
O que esperar da economia nos próximos meses?
Diante da inflação acumulada de 5,06% em 12 meses, o Banco Central pode considerar ajustes na taxa Selic para conter a alta dos preços. Atualmente em 13,25% ao ano, a taxa básica de juros influencia diretamente o custo do crédito e o consumo. Se a inflação continuar acima da meta, um aumento na Selic pode ser utilizado como ferramenta de controle.
Além disso, fatores externos como o preço do petróleo, a volatilidade cambial e o cenário internacional também podem influenciar os próximos resultados do IPCA.
Como consumidores e empresas podem se preparar?
Para minimizar os impactos da inflação, algumas estratégias podem ser adotadas:
- Para consumidores:
- Monitorar os preços e buscar alternativas mais baratas.
- Evitar compras a prazo com juros elevados.
- Revisar o orçamento doméstico e cortar gastos desnecessários.
- Para empresas:
- Reavaliar custos operacionais e ajustar estratégias de precificação.
- Buscar eficiência energética para reduzir o impacto do aumento da eletricidade.
- Planejar compras de insumos antecipadamente para evitar oscilações de preços.
A inflação de fevereiro de 2025 apresentou um dos maiores aumentos dos últimos anos, impulsionada principalmente pelo reajuste na energia elétrica, mensalidades escolares e combustíveis. O Banco Central segue monitorando a situação, e possíveis alterações na taxa de juros podem ocorrer nos próximos meses para conter a alta de preços. Diante desse cenário, é essencial que consumidores e empresas adotem estratégias para enfrentar os desafios econômicos e se prepararem para um ano que promete ser de grande volatilidade.