CAPACrédito e Cobrança

Trabalhadores CLT pagam mais que o dobro de juros no consignado: entenda os motivos e os riscos

Os empréstimos consignados sempre foram vistos como uma das formas mais seguras e baratas de acesso ao crédito no Brasil. No entanto, os dados recentes do Banco Central revelam uma realidade preocupante para os trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada: eles estão pagando mais que o dobro de juros em comparação aos aposentados e pensionistas do INSS.

Diferença de juros entre trabalhadores e aposentados chama atenção

De acordo com o levantamento mais recente do Banco Central, a taxa média de juros do crédito consignado para trabalhadores CLT foi de 55,59% ao ano em maio. Já os aposentados e pensionistas pagaram, em média, 1,83% ao mês, o que equivale a aproximadamente 24% ao ano — uma diferença que ultrapassa 100%.

Essa disparidade reacende o debate sobre critérios de risco adotados pelos bancos e a real efetividade de garantias como o FGTS na redução de juros para trabalhadores da iniciativa privada.

Mesmo com FGTS como garantia, juros aumentam

Com o objetivo de reduzir os custos do crédito consignado CLT, o governo lançou o programa “Crédito do Trabalhador”, que permite o uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia, além da multa rescisória. Apesar disso, os juros aumentaram em vez de cair.

Desde fevereiro, quando o programa foi anunciado, a taxa média subiu 14,73 pontos percentuais, frustrando as expectativas e levantando dúvidas sobre a eficácia da medida.

Bancos chegam a cobrar até 122% ao ano

O estudo divulgado pelo portal Poder360 mostra como as taxas de juros variam amplamente entre os bancos. Veja alguns exemplos:

  • Caixa Econômica Federal: 28,09% ao ano
  • Bradesco: 37,65% ao ano
  • Banco Safra: 43,55% ao ano
  • Banco do Brasil: 45,41% ao ano
  • Nubank: 46,49% ao ano
  • Banco Inter: 60,79% ao ano
  • PicPay: 77,31% ao ano
  • Neon: 97,62% ao ano
  • Valor S/A: 122,19% ao ano

A discrepância nas taxas evidencia não apenas a falta de padrão entre as instituições, mas também o potencial risco de superendividamento para quem não faz uma escolha informada.

Concessão de crédito caiu em maio

Mesmo com um crescimento significativo na concessão de crédito consignado CLT em março (R$ 4,9 bilhões) e abril (R$ 5,6 bilhões), os dados de maio mostram um recuo para R$ 3,09 bilhões. Isso pode indicar um esgotamento do apelo do programa diante das altas taxas ou um endividamento crescente da população.

Segundo o Ministério do Trabalho, muitos trabalhadores estão usando o consignado para substituir dívidas mais caras, como o rotativo do cartão de crédito — o que pode até ser uma estratégia válida, mas perigosa se o novo empréstimo também tiver juros elevados.

Governo sinaliza possível intervenção

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que não aceitará taxas “incompatíveis” com o programa de consignado atrelado ao FGTS. Caso os bancos não façam ajustes, o governo poderá intervir na regulamentação do setor para proteger os trabalhadores.

A medida pode envolver teto de juros, exigências de transparência ou até mesmo punições para práticas abusivas.

O que o trabalhador pode fazer?

Diante de um cenário tão desfavorável, a melhor estratégia para o trabalhador CLT é pesquisar bastante antes de contratar qualquer empréstimo. Verificar as taxas oferecidas por diferentes bancos, entender o Custo Efetivo Total (CET) da operação e buscar ajuda profissional são atitudes essenciais para evitar cair em armadilhas.

Além disso, é fundamental refletir se o empréstimo é realmente necessário e se haverá condições reais de pagamento sem comprometer o orçamento familiar.

Redação Contraponto

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