Saldo das operações de crédito cresce em julho e atinge R$ 6,7 trilhões
Expansão do crédito no Brasil impulsiona famílias, mas empresas mostram sinais de retração

O relatório mais recente do Banco Central (BC) sobre as Estatísticas Monetárias e de Crédito revela que o saldo total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 6,7 trilhões em julho de 2024, registrando um avanço de 0,4% no mês. Apesar do crescimento geral, os dados mostram movimentos distintos entre crédito para famílias e crédito para empresas, além de mudanças relevantes nas taxas de juros, concessões e inadimplência.
Crescimento do crédito para famílias impulsiona resultado geral
O principal fator para o aumento do saldo de crédito em julho foi o avanço de 0,6% no crédito destinado às famílias, que somou R$ 4,2 trilhões no período. Esse crescimento foi influenciado, em grande parte, pela alta nas operações de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, que registraram um salto de 6,9%.
Já o crédito às empresas teve uma retração de 0,1%, totalizando R$ 2,5 trilhões no mês. Esse recuo reflete um comportamento mais conservador por parte do setor corporativo, que tem enfrentado maiores custos de captação e cautela na contratação de novos financiamentos.
Desempenho do crédito livre e direcionado
O saldo de operações de crédito livre, que corresponde aos recursos negociados diretamente no mercado, chegou a R$ 3,9 trilhões, com uma leve alta de 0,2% no mês e de 9,4% em 12 meses. Dentro desse segmento, os números apontam para um comportamento divergente:
- O crédito livre para empresas caiu 1%, impactado pela redução nas carteiras de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-9,3%) e pelo recuo no capital de giro (-0,6%).
- O crédito livre para pessoas físicas avançou 1%, chegando a R$ 2,3 trilhões.
Por outro lado, o crédito direcionado, formado por linhas com subsídios governamentais e financiamentos de longo prazo, somou R$ 2,8 trilhões, representando um crescimento de 0,7% em julho e 12,5% no acumulado de 12 meses. Dentro desse grupo, o crédito direcionado às empresas teve alta de 1,5%, enquanto o destinado às famílias avançou 0,2%.
Juros recuam, mas inadimplência segue em alta
As concessões de crédito totalizaram R$ 644,1 bilhões no mês de julho, ao mesmo tempo em que a taxa média de juros apresentou uma leve redução, passando para 31,4% ao ano. Nos financiamentos para empresas, os juros ficaram em 21,6% a.a., enquanto, para famílias, a média chegou a 35,9% a.a..
Apesar da queda nos juros, a inadimplência segue em trajetória de alta. O percentual de atrasos superiores a 90 dias atingiu 3,8% em julho, com avanço de 0,2 ponto percentual no mês e 0,6 p.p. no acumulado de 12 meses. Isso indica um cenário de atenção para consumidores e instituições financeiras, principalmente diante do aumento do endividamento.
Perspectivas para o mercado de crédito
Os dados do Banco Central mostram que, embora o crédito às famílias siga impulsionando a expansão do saldo total, o recuo no crédito às empresas aponta para um comportamento mais cauteloso no setor produtivo. Além disso, mesmo com a redução das taxas de juros, a alta da inadimplência sugere que as instituições devem adotar políticas mais seletivas na concessão de crédito.
Para os consumidores, o momento exige atenção redobrada: o acesso ao crédito está mais facilitado, mas o aumento dos atrasos reforça a importância de planejamento financeiro e gestão consciente das dívidas.