Portabilidade do crédito consignado privado Começa hoje no Brasil
A partir desta sexta-feira, 6 de junho, trabalhadores com carteira assinada poderão realizar a portabilidade do novo crédito consignado privado, também conhecido como Crédito do Trabalhador, diretamente pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital. A medida marca mais um passo na ampliação do acesso ao crédito e na tentativa de reduzir os custos para o trabalhador.
O que é o Crédito do Trabalhador?
Lançado no final de março, o Crédito do Trabalhador é uma nova modalidade de empréstimo consignado voltada exclusivamente para os trabalhadores do setor privado com carteira assinada. Com isso, cerca de 46 milhões de brasileiros passaram a ter acesso ao crédito consignado, antes restrito a quem trabalhava em empresas com convênios com bancos.
Essa nova proposta faz parte de uma iniciativa do governo federal para democratizar o acesso ao crédito, estimular a economia e, ao mesmo tempo, reduzir as taxas de inadimplência ao utilizar o desconto em folha como garantia.
Portabilidade do consignado: o que significa na prática?
A portabilidade permite ao trabalhador transferir sua dívida de uma instituição financeira para outra, buscando melhores condições, como taxas de juros menores ou prazos mais longos. Essa funcionalidade já estava disponível para o crédito pessoal sem garantia desde 16 de maio, mas agora se estende ao consignado do setor privado, o que deve aumentar a concorrência entre os bancos e, consequentemente, melhorar as ofertas para os consumidores.
A novidade é que esse processo de portabilidade pode ser feito pelo próprio trabalhador, de forma digital, por meio do app da Carteira de Trabalho Digital, simplificando o acesso e tornando o processo mais transparente.
Crescimento e impacto do novo consignado
O programa já começa a mostrar resultados expressivos. Segundo o Ministério do Trabalho, mais de R$ 13 bilhões em empréstimos foram concedidos até o final de maio, beneficiando cerca de 2,3 milhões de trabalhadores. Em abril, por exemplo, o crédito consignado privado cresceu 148%, passando de R$ 2,25 bilhões em março para R$ 5,59 bilhões.
Esse crescimento mostra que há demanda e espaço para expansão dessa modalidade. No entanto, um dos desafios tem sido o controle das taxas de juros, que ainda estão mais altas em comparação ao consignado tradicional.
E as taxas de juros?
De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros do novo consignado saltou para 59% ao ano em abril, enquanto em março era de 44%. Apesar disso, o Ministério do Trabalho afirma que os juros têm caído gradualmente, passando de 4,35% ao mês no lançamento para 3,43% ao final de maio.
A expectativa do governo é que a portabilidade e a regulamentação do uso da multa do FGTS como garantia, prevista para julho, ajudem a reduzir ainda mais os custos desse tipo de crédito.
Perfil dos beneficiários mudou
Uma das grandes transformações trazidas pelo Crédito do Trabalhador é o perfil de quem acessa os recursos. Antes, o consignado era majoritariamente utilizado por trabalhadores que recebiam mais de 8 salários mínimos. Agora, com a nova configuração, 47,1% dos recursos são destinados a quem ganha até 4 salários mínimos.
Segundo o secretário de Proteção ao Trabalhador, Carlos Augusto Simões Gonçalves Júnior, a comparação direta com o consignado antigo não é justa, pois estamos diante de uma nova dinâmica de mercado, mais inclusiva e com maior diversidade de empregadores.
A portabilidade no crédito consignado do setor privado representa um avanço importante para os trabalhadores brasileiros. Ao permitir maior concorrência e transparência, essa medida tem o potencial de reduzir os custos do crédito, ampliar o acesso e promover maior justiça financeira para milhões de pessoas.
Acompanhar as próximas atualizações — como o uso do FGTS como garantia — será essencial para avaliar o real impacto dessa nova fase do crédito consignado no Brasil.
