CAPACrédito e Cobrança

Mais da metade dos brasileiros não controla gastos com cartão de crédito, revela estudo da CNDL/SPC Brasil

O uso do cartão de crédito está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, mas o controle sobre os gastos ainda é um desafio. Uma pesquisa recente realizada pela CNDL/SPC Brasil, em parceria com a Offerwise, revela que 54% dos consumidores não fazem controle mensal das despesas com o cartão de crédito, o que acende um alerta sobre o risco de inadimplência e superendividamento.

A seguir, detalhamos os principais dados do estudo e como o uso desorganizado do crédito pode impactar a saúde financeira das famílias brasileiras.

A falta de controle e o desconhecimento das taxas preocupam

Entre os entrevistados, apenas 46% fazem algum tipo de controle de gastos com cartão de crédito, utilizando principalmente caderno/agenda (23%) ou planilhas no computador (16%).

O mais alarmante é que 82% dos usuários do rotativo desconhecem a taxa de juros cobrada, e entre os que afirmam saber, a média estimada fica em 12% ao mês — valor ainda muito alto e que, acumulado, pode gerar dívidas impagáveis.

O que os consumidores consideram antes de adquirir um cartão

Apesar do uso crescente do crédito, nem todos os consumidores avaliam as condições com atenção. Segundo a pesquisa:

  • 74% analisaram as tarifas ou os juros ao contratar o cartão
  • 51% verificaram as tarifas
  • 36% checaram os juros do rotativo ou por atraso
  • 19% não fizeram nenhuma análise

Esses dados reforçam a necessidade de educação financeira para ajudar os consumidores a tomar decisões mais conscientes.

Cartão de crédito é usado com frequência e impulsiona compras parceladas

O estudo mostra que 74% dos consumidores usaram o cartão nos últimos 12 meses, sendo que 68% utilizam todos os meses.

Os principais produtos comprados com cartão são:

  • Roupas, calçados e acessórios (51%)
  • Supermercado (44%)
  • Eletrônicos (41%)
  • Remédios (38%)
  • Eletrodomésticos (37%)

As principais motivações para uso são compras online (50%), valores altos (41%) e falta de dinheiro para pagamento à vista (38%).

Por outro lado, quem evita o cartão justifica com o desejo de obter desconto pagando à vista (27%), evitar taxas (19%) e controlar impulsos de consumo (18%).

Ter mais de um cartão é estratégia comum

A maioria dos entrevistados possui em média dois cartões de crédito. Os motivos mais citados são:

  • Aumentar o limite total disponível (44%)
  • Evitar pagar anuidade (42%)
  • Ter diferentes datas de vencimento (34%)

Além disso, 71% dos cartões foram emitidos por bancos digitais, mostrando uma tendência crescente de digitalização dos serviços financeiros.

Inadimplência com fatura é realidade para parte da população

Ainda que 55% dos consumidores afirmem nunca ter pago o mínimo da fatura, 13% estão atualmente com ao menos uma fatura em atraso e 28% já foram negativados por não pagar a fatura — sendo que 13% ainda estão com o nome sujo.

A média de faturas em aberto entre os inadimplentes é de 1,7, e a quantidade média de parcelas futuras é de 5,3.

Empréstimos e cheque especial: alternativas (nem sempre saudáveis) ao crédito

O estudo também apontou que:

  • 23% contrataram empréstimo pessoal nos últimos 12 meses
  • 17% usaram o cheque especial
  • 76% avaliaram a capacidade de pagamento antes de contratar

Os principais motivos para buscar crédito foram:

  • Pagar outras dívidas (25%)
  • Contas do dia a dia (18%)
  • Saúde (15%)
  • Reforma da casa (15%)

Apesar da preocupação com o pagamento, 16% dos consumidores estão inadimplentes com parcelas de empréstimo, com média de 4 prestações em atraso.

Nome sujo e renda baixa dificultam acesso ao crédito

Entre os que buscaram empréstimo nos últimos três meses:

  • 27% tentaram contratar
  • 16% foram aprovados
  • 11% tiveram o pedido negado

A principal razão para a recusa foi nome sujo (48%), seguida de renda incompatível com o valor solicitado (13%) e falta de garantias (12%).

Conclusão: crédito exige consciência, não apenas acesso

Os dados da pesquisa reforçam que ter acesso ao crédito não significa saber usá-lo com responsabilidade. Em um cenário de juros altos e insegurança econômica, o cartão de crédito pode ser tanto um aliado quanto um vilão — dependendo do nível de organização financeira do consumidor.

Como destaca José César da Costa, presidente da CNDL, “o crédito é um importante aliado, mas deve ser usado com cautela e planejamento”. A educação financeira se torna, mais do que nunca, um pilar essencial para evitar o ciclo da inadimplência.

Redação Contraponto

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