Famílias brasileiras enfrentam recorde de inadimplência em agosto, aponta CNC
Inadimplência atinge novo recorde e pode crescer ainda mais até o final de 2025

A inadimplência das famílias brasileiras registrou mais um avanço significativo em agosto, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice chegou a 30,4% das famílias, um aumento em relação aos 30% registrados no mês anterior, sinalizando um cenário de preocupação para o mercado de crédito e consumo no país. É o maior nível da série histórica da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), iniciada em janeiro de 2010.
Inadimplência segue em alta e pode bater novo recorde
O levantamento da CNC, divulgado em 09 de setembro, mostra que além do crescimento do número de famílias inadimplentes, também aumentou o percentual de pessoas que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas atrasadas, passando de 12,7% para 12,8%. Esse é o maior índice desde dezembro de 2024, quando chegou a 13%.
Segundo as projeções da CNC, a expectativa é que a inadimplência feche 2025 com alta de 1,6 ponto percentual em relação ao ano anterior. Entre os inadimplentes, 47,8% estão com dívidas em atraso há mais de 90 dias, o que representa uma leve alta em relação aos 47,5% observados em julho.
Alta dos juros pressiona famílias e amplia risco de endividamento
Outro ponto de alerta levantado pela CNC é o impacto dos juros altos no orçamento dos brasileiros. Dados do Banco Central mostram que a taxa média de juros ao consumidor atingiu 58,32% ao ano, a maior desde maio de 2023, quando chegou a 58,60%.
Com o custo do crédito elevado, aumenta a necessidade de atenção na gestão financeira das famílias, já que o cenário atual contribui para o crescimento do endividamento e da inadimplência.
Endividamento das famílias chega ao maior nível desde 2022
Além da inadimplência, o número de famílias endividadas também registrou alta em agosto, subindo de 78,5% para 78,8%, o maior percentual desde novembro de 2022. De acordo com a CNC, o endividamento deve encerrar 2025 com crescimento de 3,1 pontos percentuais em relação ao fechamento de 2024.
O levantamento aponta que o cartão de crédito continua sendo o principal responsável pelas dívidas, estando presente em 84,5% dos casos, seguido pelos carnês de loja (16,6%) e pelo crédito pessoal (11%). Como a pesquisa permite múltiplas respostas, muitos consumidores acumulam diferentes modalidades de crédito, o que potencializa o risco de descontrole financeiro.
Comprometimento da renda com dívidas apresenta leve alívio
Apesar do avanço do endividamento, houve uma pequena melhora no percentual de famílias com mais da metade da renda comprometida com dívidas, que caiu de 18,9% para 18,6%. Além disso, o comprometimento médio da renda com dívidas recuou para 29,3%, o menor nível desde maio de 2019.
A CNC destaca que, em agosto, a maioria das famílias (55,9%) tinha entre 11% e 50% da renda destinada ao pagamento de dívidas, o que mostra uma distribuição mais equilibrada entre endividamento e capacidade de pagamento.
Perspectivas para os próximos meses
O cenário para os próximos meses ainda é desafiador. Com os juros elevados, aumento do custo de vida e crescimento do endividamento, as famílias brasileiras precisam adotar estratégias de planejamento financeiro para evitar o agravamento da inadimplência. A CNC reforça que a educação financeira e o controle do orçamento são fundamentais para enfrentar esse momento.