Cresce pressão em Brasília para reverter aumento do IOF que encarece crédito empresarial

O recente aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) gerou forte reação em Brasília e no setor produtivo. Empresários, bancos e representantes da indústria, comércio e agronegócio têm pressionado o governo federal e o Congresso Nacional para reverter a medida, alegando que ela encarece o crédito e prejudica a competitividade das empresas brasileiras.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que apresentaram os impactos negativos do aumento do IOF sobre o crédito empresarial. Durante o encontro, a Febraban propôs alternativas para compensar a perda de arrecadação sem a necessidade de elevação do imposto.
Segundo Isaac Sidney, presidente da entidade, essas soluções envolvem novas fontes de receitas e cortes de despesas públicas. Os detalhes técnicos ainda serão debatidos entre os bancos e o Ministério da Fazenda, mas o governo já sinalizou disposição ao diálogo.
IOF maior prejudica o financiamento das empresas
A elevação do IOF atinge diretamente as operações de crédito realizadas por empresas de todos os setores. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o impacto pode alcançar até R$ 39 bilhões em custos adicionais para as empresas já em 2026.
Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI, destaca que o maior problema está no aumento do custo do crédito, que reduz a capacidade de investimento das empresas brasileiras. Com isso, a competitividade do país é afetada, abrindo espaço para a entrada de produtos importados, que, na maioria dos casos, não são tributados com IOF.
Pressão de empresários e impactos no consumidor final
Empresários como Sérgio Lúcio de Andrade, do setor de autopeças, relatam que o custo do crédito com a alta do IOF se tornou inviável. Ele exemplifica: com juros bancários já na casa de 3% a 4%, a adição de 3,5% de IOF torna as operações de crédito excessivamente onerosas.
O efeito em cascata inevitavelmente chega ao consumidor final. Com maior dificuldade de acesso ao crédito e aumento na carga tributária, empresários se veem forçados a repassar parte desses custos ao preço dos produtos, afetando diretamente o consumo, a renda e o emprego.
Governo sinaliza possível recuo, mas não confirma decisão
Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, afirmou que o governo continua aberto ao diálogo e estuda alternativas com responsabilidade fiscal. Segundo ele, qualquer decisão sobre a revogação ou revisão do IOF será tomada após avaliação técnica e política.
A discussão em torno do IOF escancara o desafio do governo em equilibrar a necessidade de arrecadação com o estímulo à atividade produtiva. A manutenção de um imposto que encarece o crédito pode ser prejudicial a longo prazo, afetando a competitividade do país e o crescimento econômico. O debate seguirá nos próximos meses, mas a pressão já surtiu efeito: o governo está ouvindo o setor e considera, sim, rever sua posição.