Cooperativas financeiras são líderes no crédito rural brasileiro

As cooperativas financeiras confirmam seu papel essencial no desenvolvimento do agronegócio nacional. De acordo com dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), referentes ao Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026, essas instituições foram responsáveis por 88% das operações de crédito rural no Brasil, o que representa nove em cada dez financiamentos realizados.

Ao todo, as cooperativas repassaram R$ 9,8 bilhões a pequenos e médios produtores rurais, correspondendo a 69% do valor total distribuído pelo banco no período. Esses números reforçam a relevância do modelo cooperativista na inclusão financeira do produtor rural, especialmente nas regiões onde o acesso ao crédito tradicional é limitado.

Minas Gerais é destaque no crédito rural cooperativista

Minas Gerais se destaca como o estado com maior número de cooperativas financeiras do país, somando 181 instituições. Somente em território mineiro, foram realizadas 4,9 mil operações de crédito rural, o equivalente a 89% do total estadual. O volume de recursos liberados chegou a R$ 1,3 bilhão, representando 79% dos créditos rurais concedidos no estado, segundo o BNDES.

Para Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, o crédito rural é um instrumento essencial para a sustentabilidade do campo. “Para o pequeno produtor, o crédito rural é a ponte entre o planejamento da safra e a renda na porteira. Ele viabiliza insumos, maquinário, assistência técnica e comercialização, dá fôlego na entressafra e reduz a dependência de atravessadores”, destaca.

O impacto econômico do cooperativismo financeiro

A presença de cooperativas financeiras em um município vai muito além da concessão de crédito. Um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgado no AnuárioCoop 2025 pelo Sistema OCB, revelou que as regiões com cooperativas de crédito apresentam ganhos econômicos significativos na produção agropecuária.

Onde há cooperativas, o valor da produção agrícola municipal é 23,3% maior, com acréscimo médio de R$ 466,3 por hectare. Na pecuária, observa-se aumento de 28,1% no rebanho de suínos e 36,8% no de galináceos por hectare, além de um ganho de R$ 1,3 mil por hectare em área plantada.

Esses números evidenciam como o cooperativismo gera um ciclo virtuoso de desenvolvimento local, estimulando a produtividade e a economia de pequenas comunidades rurais. “Onde as cooperativas de crédito estão, vemos melhoria no campo. O resultado retorna em investimento local e apoio a quem produz”, afirma Scucato.

Benefícios sociais do cooperativismo de crédito

O impacto positivo das cooperativas não se restringe ao setor produtivo. A presença dessas instituições também está associada a melhorias sociais expressivas. De acordo com o estudo da Fipe e do Sistema OCB, municípios com cooperativas de crédito apresentam 24,2% mais matrículas no ensino superior por mil habitantes.

Além disso, a inclusão financeira proporcionada pelo cooperativismo contribui para a redução da dependência de programas sociais. Nessas regiões, há uma queda de 8,1% no número de famílias registradas no CadÚnico e uma redução de 26,2% entre os beneficiários do Programa Bolsa Família.

Como destaca Ronaldo Scucato, “quando o crédito tem dono com nome e endereço na comunidade, ele volta para a própria comunidade em forma de investimento, emprego e renda. Esse é o verdadeiro sentido do cooperativismo de crédito”.

Números do cooperativismo financeiro

Brasil

• 20,1 milhões de cooperados
• 689 cooperativas
• 121,8 mil empregos diretos gerados

Minas Gerais

• 3 milhões de cooperados
• 181 cooperativas
• 20,2 mil empregos diretos gerados

Mundo

• 411 milhões de cooperados em 104 países
• 74,6 mil cooperativas
• 13,5% de participação no mercado global

Conclusão

O avanço das cooperativas financeiras no crédito rural brasileiro demonstra que o modelo cooperativista é uma das bases mais sólidas do desenvolvimento econômico e social no campo. Ao democratizar o acesso ao crédito e promover crescimento sustentável, as cooperativas ajudam a fortalecer comunidades, gerar empregos e manter viva a identidade do agronegócio nacional.

FONTE: Mundo Coop