Consórcio em alta: como a fuga dos juros altos está redefinindo o acesso ao crédito

Com a taxa de juros ainda em patamares elevados, muitos brasileiros estão repensando a forma como acessam crédito para a realização de sonhos como a compra de imóveis, veículos e serviços. Nesse cenário, o consórcio tem ganhado cada vez mais espaço, registrando recordes históricos de adesão em 2024.
A estratégia de adiar a posse imediata para fugir dos juros abusivos tem se mostrado uma alternativa financeiramente mais saudável — e cada vez mais procurada pelas famílias.
O que explica o crescimento dos consórcios em 2024?
A principal motivação é clara: o custo do crédito tradicional está muito alto. Com as taxas bancárias pressionadas pela Selic e por fatores econômicos globais, os financiamentos convencionais ficaram pesados no bolso do consumidor. Nesse contexto, o consórcio surge como um caminho mais acessível e sem juros.
Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o setor bateu recorde de participantes ativos e novas cotas vendidas nos primeiros meses de 2024. A procura por modalidades de consórcio cresceu não só para imóveis e veículos, mas também para serviços como viagens, cirurgias e reformas residenciais.
Casos reais: quando o consórcio faz mais sentido
A história de Ana Paula Benetti e seu marido, Diego Muras, ilustra esse movimento. O casal buscava uma solução para o financiamento do imóvel em que vive e encontrou no consórcio uma forma mais leve de planejar o futuro financeiro, sem a pressão dos juros mensais.
Esse tipo de decisão reflete um comportamento mais estratégico do consumidor: esperar mais para pagar menos.
Como funciona o consórcio e quais são seus benefícios?
O consórcio é um modelo de compra parcelada e colaborativa. Um grupo de pessoas contribui mensalmente com um valor que forma um fundo comum, usado para contemplar os participantes, por sorteio ou lance.
Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Ausência de juros, apenas taxa de administração;
- Planejamento financeiro mais previsível;
- Diversas finalidades: imóveis, veículos, serviços, educação e mais;
- Possibilidade de contemplação antecipada com lances;
- Disciplina financeira, já que exige constância nos pagamentos.
Consórcio vs Financiamento: Qual vale mais a pena?
Em um cenário de juros altos, o consórcio pode ser até 50% mais barato do que um financiamento tradicional, considerando a economia nos encargos ao longo do tempo.
No entanto, vale lembrar que o consórcio é indicado para quem não tem pressa para adquirir o bem ou serviço. Ele exige planejamento e paciência, mas em troca oferece economia e menos risco de endividamento.
Perfil do novo consorciado: mais jovem e mais estratégico
Outro dado relevante do mercado é o rejuvenescimento do público dos consórcios. Cada vez mais jovens entre 25 e 35 anos têm aderido ao modelo como uma forma de investir com disciplina e sem pressa, seja para adquirir o primeiro carro, comprar um imóvel ou viabilizar um intercâmbio.
Essa mudança no perfil demonstra também maior maturidade financeira por parte do consumidor, que busca soluções sustentáveis e de longo prazo.
Tendência de crescimento sustentável
Com os juros em alta e a busca crescente por soluções de crédito mais inteligentes, o consórcio tende a se consolidar como uma das principais formas de acesso ao consumo planejado nos próximos anos.
Empresas, administradoras e o mercado financeiro como um todo já estão atentos a essa tendência, investindo em digitalização, personalização de planos e experiências mais ágeis para atrair novos consorciados.
Conclusão
Em um país onde o acesso ao crédito sempre foi um desafio, o consórcio desponta como uma alternativa sólida e acessível. Ao fugir dos juros altos e promover uma cultura de planejamento, essa modalidade está transformando a forma como o brasileiro consome, investe e realiza seus sonhos.
Mais do que uma moda passageira, o consórcio se fortalece como um instrumento de educação financeira, disciplina e escolha consciente em tempos de incerteza econômica.