Banco Central quer padronizar concessão de crédito: o que muda para empresas e consumidores?

O Banco Central (BC) do Brasil tem sinalizado mudanças importantes no setor de crédito para os próximos anos. Uma das prioridades da sua agenda estratégica é criar um ambiente padronizado para a concessão de crédito pelas instituições financeiras, tanto para empresas quanto para pessoas físicas. A iniciativa promete transformar a forma como consumidores acessam empréstimos e financiamentos no país.
O que é a padronização no processo de concessão de crédito?
Atualmente, cada banco possui suas próprias regras, critérios e procedimentos para liberar crédito. Isso dificulta para o cliente comparar ofertas e condições de forma rápida e transparente. A proposta do Banco Central é justamente centralizar e padronizar esse processo, permitindo que o cliente solicite crédito em um ambiente único e receba propostas simultâneas de diversas instituições financeiras, com detalhes como taxas de juros, prazos e exigências.
A proposta deve seguir os moldes da plataforma criada pelo governo federal para o novo crédito consignado privado, lançado em março. Com ela, o cliente pode visualizar ofertas de diferentes instituições de forma organizada e transparente.
Como o Open Finance será fundamental nesse processo
O projeto de padronização da concessão de crédito deve se apoiar no Open Finance, sistema que permite o compartilhamento de dados financeiros entre diferentes instituições, desde que autorizado pelo cliente. Esse ambiente aberto facilita o acesso a informações sobre o perfil de crédito dos consumidores e, com isso, amplia a competitividade entre os bancos.
A ideia, segundo Rogério Lucca, secretário-executivo do BC, é que pequenas empresas sejam as primeiras beneficiadas pelo modelo. No entanto, o sistema poderá ser estendido a consumidores pessoa física, tornando o mercado de crédito mais democrático e eficiente.
Quais outras mudanças estão na agenda do Banco Central?
Além da padronização do crédito, o Banco Central também está trabalhando em outros projetos estratégicos dentro do Open Finance e no sistema de pagamentos Pix. Veja as principais novidades previstas:
- Padronização do repasse de informações financeiras pelas empresas aos bancos para facilitar a concessão de crédito.
- Portabilidade de crédito via Open Finance, tornando mais simples para o cliente levar suas dívidas de um banco para outro com melhores condições.
- Implementação das duplicatas escriturais, modernizando a forma como recebíveis são formalizados e negociados no país.
- Aprimoramento do arcabouço institucional do Banco Central, com foco em garantir mais estabilidade ao sistema financeiro.
Novidades no Pix: pagamentos automáticos e Pix garantia
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, também deve passar por atualizações importantes:
- Pix Automático: possibilitará programar pagamentos recorrentes, como mensalidades e assinaturas.
- Nova versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED): dará mais agilidade na devolução de valores em casos de golpes.
- Pix Parcelado: busca padronizar a oferta já disponível em algumas instituições.
- Pix Garantia: permitirá que comerciantes utilizem recebíveis de vendas via Pix como garantia para obter crédito com melhores condições.
E o crédito imobiliário?
Outro ponto de atenção do Banco Central é o financiamento habitacional. Com a redução dos recursos da poupança, o órgão discute com o governo e o mercado alternativas para garantir o fluxo de recursos e melhorar as condições de concessão de crédito imobiliário. A ideia é buscar soluções sustentáveis para manter o setor aquecido e acessível para a população.
Por que essas mudanças são importantes para o Brasil?
As medidas planejadas pelo Banco Central têm potencial para:
- Reduzir os custos do crédito para consumidores e empresas.
- Aumentar a transparência e a concorrência entre instituições financeiras.
- Diminuir o risco de inadimplência, ao tornar o processo mais criterioso e padronizado.
- Ampliar a inclusão financeira, especialmente para pequenas e médias empresas.
Ao criar um ambiente mais competitivo e organizado, o sistema financeiro tende a se tornar mais estável e acessível para todos.