Crédito e Cobrança

Aumento do IOF e crédito mais caro: setores que precisam redobrar a atenção

O governo federal anunciou, em 22 de maio de 2025, um pacote de ajustes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que entrou em vigor no dia 23 de maio. As novas regras elevam alíquotas e ampliam a base de incidência do tributo, tornando operações de crédito e câmbio mais onerosas. Conheça a seguir as principais mudanças, os impactos nos custos de financiamento e os setores mais afetados.

O que mudou nas alíquotas do IOF?

  • Crédito: a alíquota máxima de IOF passou de 1,88% ao ano para 3,95% ao ano em operações de crédito, praticamente dobrando o encargo tributário sobre empréstimos corporativos e pessoais.
  • Inclusão de “risco sacado”: operações de antecipação de pagamentos a fornecedores (forfait) e financiamentos a fornecedores agora são classificadas como crédito e sujeitas ao IOF, reforçando a arrecadação nessa frente.
  • Câmbio: a alíquota de IOF em operações de câmbio subiu para 3,5%, mais que triplicando as alíquotas anteriores para a maioria das modalidades de câmbio, como carregamento de cartões de viagem e transferências ao exterior.

Impactos no custo do crédito para empresas

O aumento do tributo será sentido especialmente por pequenas e médias empresas, que dependem mais de linhas de crédito bancárias e têm acesso limitado ao mercado de capitais. Estima-se que o acréscimo de IOF represente um aumento de até 5 pontos percentuais no custo total de financiamentos com prazo médio de 2,5 anos. Para grandes companhias, a migração para o mercado de capitais pode amenizar parte do impacto, mas não anula o efeito regressivo dessa elevação.

Setores mais afetados pelo aumento do IOF

Segundo análise da XP Investimentos, o ajuste no IOF equivale a um aperto adicional no crédito semelhante a um aumento de 25 a 50 pontos-base na taxa Selic, com maior efeito em segmentos que dependem de capital de giro intensivo. Entre os setores listados como mais vulneráveis estão:

  • Varejo: uso intenso de antecipação de recebíveis e risco sacado torna Magazine Luiza e Casas Bahia exemplos de empresas com elevado volume exposto à nova alíquota.
  • Agroindústria e alimentos: embora grande parte da dívida seja via mercado de capitais (isenta de IOF), operações de câmbio para importação de insumos podem encarecer custos.
  • Turismo e viagens: o aumento do IOF em câmbio pressiona pacotes de viagem, cartões pré-pagos e compras internacionais, refletindo em custos até 800% maiores na alíquota efetiva.

Como as empresas podem mitigar o impacto

  1. Hedging cambial: usar contratos futuros e opções para reduzir o risco de flutuações e absorver parte do IOF elevado.
  2. Diversificação de fontes de financiamento: buscar capitais por meio de debêntures, fundos de investimento ou emis­sões de ações, que não sofrem incidência de IOF.
  3. Renegociação de prazos: alongar prazos de pagamento com fornecedores para minimizar antecipações tributadas como crédito.

Perspectivas para o mercado financeiro e consumidor

No curto prazo, o aperto tributário deve conter parte da demanda por crédito e reduzir pressões inflacionárias advindas de maior consumo parcelado. Para o consumidor, as compras no cartão podem ficar até 3% mais caras na ponta, exigindo ajuste no planejamento financeiro pessoal. Já para o mercado, o movimento reforça a busca por alternativas de captação fora do sistema bancário tradicional, estimulando o desenvolvimento de instrumentos de dívida e equity.

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