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Uso de dados na análise de crédito: o novo papel da inteligência e da informação no mercado financeiro

O episódio 204 do podcast ContraPonto – Cobrança e crédito, comandado por Pedro Felipe e Marcos Guerra, trouxe uma discussão profunda e atual sobre o uso de dados na análise de crédito, com a participação de Felipe Faria, especialista em inovação financeira. A conversa destacou como o mercado de crédito está passando por uma revolução silenciosa, impulsionada pelo avanço da tecnologia, pela abertura de dados e pela inteligência analítica.

O crédito, que por décadas foi baseado em modelos tradicionais e restritivos, está se tornando mais personalizado, ágil e inclusivo. A mudança não acontece apenas nas instituições financeiras, mas também nas fintechs, birôs de crédito e empresas de tecnologia que hoje utilizam informações de comportamento, consumo e fluxo financeiro para compreender o cliente de forma muito mais completa.

Dados como o novo motor da decisão de crédito

Um dos pontos mais relevantes do episódio foi o destaque para o poder dos dados. Felipe Faria explicou que o diferencial competitivo das empresas no setor de crédito está diretamente ligado à sua capacidade de coletar, interpretar e aplicar dados de forma inteligente.

Antes, a análise de crédito se baseava em histórico bancário e score, agora, entra em cena uma análise comportamental mais ampla, que inclui hábitos de pagamento, recorrência de consumo e até mesmo dados alternativos, como movimentações de contas digitais e interações com marketplaces.

Essa mudança cria um novo paradigma: o crédito passa a ser um reflexo do comportamento real, não apenas de um histórico estático. Isso abre espaço para milhões de brasileiros que estavam fora do sistema financeiro tradicional.

Open Finance e IA: aliados na inclusão e precisão

Outro ponto central abordado foi o papel do Open Finance e da inteligência artificial. O compartilhamento de dados, autorizado pelo próprio consumidor, permite que instituições tenham uma visão mais detalhada da vida financeira das pessoas — o que resulta em decisões de crédito mais justas e seguras.

Felipe ressaltou que a IA generativa e preditiva está revolucionando a construção de modelos de risco. Hoje, é possível cruzar informações em tempo real, prever inadimplência com mais assertividade e criar produtos sob medida. A tecnologia deixa de ser apenas um suporte operacional e passa a ser um pilar estratégico na tomada de decisão.

O desafio da qualidade e da ética nos dados

Apesar do avanço, há desafios importantes. O episódio trouxe uma reflexão crítica sobre a responsabilidade no uso de dados. Felipe enfatizou que, mais do que quantidade, o essencial é garantir a qualidade e a veracidade das informações.

Além disso, o debate tocou em questões éticas e regulatórias. A inteligência de dados não pode reforçar desigualdades ou vieses históricos. A personalização e o crédito inclusivo devem caminhar lado a lado com transparência e governança — pilares fundamentais para construir confiança entre empresas e consumidores.

Pequenas e médias empresas: o novo foco da inovação

O diálogo também destacou o impacto da análise de dados no crédito corporativo. As PMEs, historicamente desassistidas pelos grandes bancos, estão sendo beneficiadas pela nova lógica de análise.

Com o avanço das soluções baseadas em dados, essas empresas agora têm acesso a capital mais justo e adequado ao seu perfil, com taxas e prazos personalizados. Essa mudança representa um passo essencial para o crescimento econômico, já que o setor de pequenas e médias é um dos principais geradores de emprego no pa

O futuro: crédito sob medida e decisões em tempo real

O futuro da análise de crédito, segundo Felipe Faria, será marcado por velocidade, personalização e inteligência preditiva. Os sistemas estão caminhando para decisões em tempo real, com análise de contexto e ajustes automáticos de limite e taxa de juros conforme o comportamento do cliente.

A tecnologia não substitui o humano — ela o potencializa. O especialista destacou que o grande diferencial das empresas de sucesso será a combinação entre empatia e dados, ou seja, usar a informação para entender melhor o cliente, sem perder a sensibilidade que torna a relação de crédito sustentável e ética.

Conclusão: dados como ponte para um crédito mais humano e eficiente

O episódio 204 do ContraPonto reforça que o futuro do crédito não está apenas nos números, mas na inteligência aplicada ao comportamento. A análise de dados redefine o conceito de confiança e abre caminho para um sistema financeiro mais inclusivo, transparente e dinâmico.

Empresas que entenderem e aplicarem essa lógica sairão na frente — porque no novo mercado de crédito, quem conhece o cliente de verdade, oferece o crédito certo.

Assista ao episódio completo no YouTube

Redação Contraponto

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