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Por que a inadimplência da Caixa cresceu e por que o banco garante que não há risco

Análise completa dos novos números da Caixa e o que eles revelam sobre o futuro do crédito no Brasil

Os resultados mais recentes da Caixa Econômica Federal chamaram a atenção do mercado financeiro. A inadimplência subiu em diversos segmentos, chegando a dois dígitos em pessoa jurídica e agronegócio. Mesmo assim, a instituição reforça que o cenário é de controle e que as provisões acumuladas garantem segurança para atravessar o atual ciclo econômico.

Os executivos explicam que parte significativa da alta se deve a mudanças regulatórias e ao comportamento das carteiras formadas nos últimos anos, período marcado por juros elevados e maior pressão sobre famílias e empresas.

Como a resolução 4.966 influenciou os índices de inadimplência

O aumento das provisões e a escalada da inadimplência têm relação direta com a implementação da resolução 4.966, que alterou a forma como os bancos classificam e provisionam créditos problemáticos. Segundo a vice presidente de Riscos, Henriete Bernabé, o impacto era esperado e representa um ajuste técnico, não um agravamento do risco.

A Caixa reforça que essa adaptação ocorreu em todo o sistema financeiro e que os efeitos aparecem agora nos balanços por causa da fase de transição das carteiras.

Números mostram avanço, mas dentro de um cenário controlado

O índice de inadimplência acima de 90 dias da Caixa chegou a 3,01% no terceiro trimestre. A abertura por segmento confirma onde estão as maiores pressões.

Pessoa jurídica: 12,50%
Pessoa física: 6,25%
Agronegócio: 11,20%
Crédito imobiliário: 1,3%

Segundo o banco, esses percentuais refletem o comportamento de concessões feitas entre 2022 e 2023, anos marcados pelo aperto monetário e menor folga no orçamento das famílias. Esses efeitos começam a aparecer agora.

Provisões reforçadas garantem proteção contra perdas

A provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu 5,07 bilhões de reais, alta de 64,5% em relação ao ano anterior. A Caixa afirma que esse crescimento demonstra prudência e preparo para lidar com eventuais riscos. A instituição reforça que o aumento não representa deterioração estrutural, mas sim adequação às novas exigências regulatórias.

Crédito imobiliário segue sendo o pilar estratégico da Caixa

Mesmo com a alta da inadimplência em outros segmentos, a Caixa segue otimista com o crédito imobiliário. O presidente Carlos Vieira destacou que habitação continuará sendo o motor principal da instituição. As novas regras anunciadas pelo governo, incluindo mudanças no direcionamento obrigatório dos depósitos de poupança, fortalecem as perspectivas do setor.

Com esse cenário, a Caixa projeta a possibilidade de atingir 1 trilhão de reais em financiamentos imobiliários nos próximos dez anos.

FGTS passa a aliviar contratos já existentes

Uma medida vista como positiva pelo banco foi a aprovação do uso do FGTS para amortização e abatimento de parcelas de contratos assinados entre 2021 e 2025. A mudança abrange imóveis de até 2,25 milhões de reais e tende a reduzir riscos de inadimplência na carteira habitacional, que já é a mais saudável da instituição.

Agronegócio foi o segmento mais afetado, mas já indica sinais de acomodação

O agronegócio apresentou uma das maiores altas de inadimplência após anos de expansão acelerada da carteira. A Caixa afirma que passou por um processo de revisão interna, aprimorando critérios e separando operações de menor e maior risco. Os executivos afirmam que houve aprendizado e que agosto e setembro já mostraram tendência de estabilização.

A carteira agro chegou a 61,8 bilhões de reais e deve passar por um trimestre de renegociação, com expectativa de resultados positivos.

Micro e pequenas empresas concentram atrasos no crédito comercial

No segmento empresarial, a inadimplência de pessoa jurídica atingiu 12,50%, reflexo da pressão de juros altos sobre micro e pequenos negócios. A Caixa afirma que as novas safras de crédito de 2023 e 2024 já apresentam melhor qualidade, o que deve contribuir para um ambiente mais equilibrado nos próximos meses.

Mesmo com a piora, o banco considera o tamanho relativo da carteira empresarial pouco representativo para o risco total da instituição.

Lucro cresce e reforça mensagem de solidez

Apesar do aumento da inadimplência, a Caixa registrou lucro líquido recorrente de 3,8 bilhões de reais, avanço de 15,4% em relação ao ano anterior. Para o banco, esse resultado é prova de que os indicadores de risco estão sob controle e de que a instituição está preparada para um ciclo de queda de juros a partir de 2026.

Conclusão: inadimplência em alta, mas sem ameaça ao equilíbrio do banco

O aumento da inadimplência chamou atenção, mas a Caixa afirma que está preparada, amparada por provisões reforçadas, revisão de modelos e novas regras que ampliam a segurança do crédito imobiliário. Para os próximos meses, o banco espera estabilização nos principais segmentos e melhora gradual à medida que as condições macroeconômicas se tornam mais favoráveis.

Redação Contraponto

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