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Empréstimos mais caros mesmo com Selic em 15% e as bets podem ser as vilãs dessa alta!

Entenda os motivos por trás da alta nas taxas de crédito e o papel do endividamento das famílias

Mesmo com a Selic estacionada em 15% ao ano, quatro das principais linhas de crédito para pessoas físicas ficaram mais caras ao longo de 2025. À primeira vista, isso parece contraditório, já que a taxa básica de juros é a principal referência para o custo do dinheiro no país. No entanto, a formação dos juros cobrados pelos bancos vai muito além da Selic e envolve risco, inadimplência e o comportamento financeiro das famílias.

Um dos fatores centrais é o spread bancário, a diferença entre o custo de captação do banco e o valor que ele cobra do cliente no empréstimo. Esse spread inclui custos operacionais, margem de lucro, tributos, despesas administrativas e, principalmente, as perdas esperadas com inadimplência. Ou seja: quando cresce o risco de calote, os juros sobem.

A inadimplência dispara e o Brasil vive um novo padrão de endividamento

Levantamentos recentes mostram que o endividamento das famílias brasileiras está em patamar recorde, com aumento significativo da inadimplência mesmo em um cenário de desemprego em queda. Esse descompasso intrigou economistas, já que historicamente a principal razão para o calote era a perda de renda por demissão.

Agora, porém, o cenário mudou: mais pessoas estão empregadas, mas menos conseguem pagar suas dívidas. O resultado é um clima de maior cautela por parte dos bancos, que passam a precificar o crédito com spreads mais altos, refletindo o risco crescente.

O peso das bets: o novo fator que corrói a renda das famílias

Entre os elementos que ajudam a explicar essa piora na saúde financeira das famílias, especialistas passaram a destacar um fenômeno que ganhou força no país: as casas de apostas online, as famosas bets.

Estimativas indicam que 23 milhões de brasileiros apostaram em 2024, número muito superior ao total de investidores ativos em produtos tradicionais, como CDBs e fundos. Estudos recentes mostram que 63% dos apostadores comprometem parte da renda mensal com apostas, o que reduz a capacidade de pagamento de despesas essenciais e das dívidas.

Supermercados já relatam queda no consumo à vista, e analistas apontam que uma fatia crescente das famílias está desviando renda para apostas, acreditando erroneamente que se trata de uma forma de investimento, e não de entretenimento de alto risco. Esse movimento pressiona diretamente o orçamento doméstico, aumentando atrasos e elevando a percepção de risco pelas instituições financeiras, o que se reflete em juros mais altos.

O que esperar daqui para frente?

Para 2026, a expectativa é que a Selic comece a cair, mas de forma lenta e gradual. Mesmo assim, especialistas alertam que o Brasil não entrará em um cenário de crédito barato. Os bancos devem continuar cautelosos diante da persistência da inadimplência e da incerteza econômica, especialmente em ano eleitoral.

Linhas com garantias reais ou consignado público tendem a sentir a redução da Selic antes, mas empréstimos pessoais, cartão parcelado e crédito sem garantia podem ficar ainda mais caros, caso o risco siga aumentando.

Enquanto isso, a combinação entre uso crescente de renda em bets, orçamento apertado e spreads bancários elevados deve manter o crédito mais caro pelos próximos meses, prolongando a dificuldade das famílias em recuperar o equilíbrio financeiro.

FONTE

Redação Contraponto

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