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Juros do cartão de crédito rotativo chegam a 451,5% ao ano

Taxa continua entre as mais altas do mercado mesmo após medidas de limitação e preocupa famílias e empresas

O Banco Central (BC) divulgou que a taxa média de juros do cartão de crédito rotativo atingiu 451,5% ao ano em agosto de 2025. Esse número coloca a modalidade como uma das mais caras do mercado financeiro, mesmo após a implementação da regra que limitou a cobrança do rotativo desde janeiro do ano passado.

Na prática, quando o consumidor paga apenas parte da fatura, o valor restante entra automaticamente no crédito rotativo, acumulando juros altíssimos. Após 30 dias, a dívida é transferida para o parcelado do cartão, que em agosto registrou juros de 180,7% ao ano, ainda considerado elevado.

Impacto do aumento dos juros nas famílias

No período de 12 meses até agosto, os juros do rotativo subiram 24,6 pontos percentuais para as famílias. Esse aumento pressiona o orçamento doméstico, já que a inadimplência também vem crescendo. Dados do BC mostram que a taxa de atraso acima de 90 dias chegou a 4,8% nas operações de pessoas físicas.

Além disso, o endividamento das famílias representou 48,6% da renda acumulada em 12 meses, e, sem considerar o financiamento imobiliário, ficou em 30,4%. Isso indica que quase um terço da renda das famílias está comprometida com dívidas de consumo.

Crédito para empresas também encarece

As empresas também sentiram o avanço dos juros. Em agosto, a taxa média das novas contratações de crédito livre para pessoas jurídicas chegou a 25,2% ao ano. Nas operações de capital de giro com prazo de até 365 dias, o aumento foi ainda maior, alcançando 38% ao ano.

Esse encarecimento do crédito impacta diretamente a atividade econômica, já que as empresas reduzem investimentos e controlam o fluxo de caixa para lidar com o custo elevado dos financiamentos.

Influência da taxa selic na elevação dos juros

O movimento de alta acompanha a taxa básica da economia, a Selic, mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Essa taxa é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, já que juros altos encarecem o crédito e reduzem o consumo.

Com isso, a média de todas as concessões de crédito, somando recursos livres e direcionados, atingiu 31,8% ao ano em agosto. O spread bancário, diferença entre o custo de captação e o valor cobrado dos clientes, também avançou, chegando a 2,2 pontos percentuais em 12 meses.

Aumento no saldo de crédito e concessões

Em agosto, as concessões de crédito somaram R$ 633,8 bilhões. Apesar da leve queda de 0,2% no mês, houve crescimento de 11,4% em 12 meses. O estoque total de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional chegou a R$ 6,757 trilhões, um avanço de 0,5% em relação a julho.

O crédito ampliado ao setor não financeiro, que engloba famílias, empresas e governo, alcançou R$ 19,748 trilhões, com crescimento de 11,7% em 12 meses, puxado principalmente pelos títulos públicos e privados de dívida.

Inadimplência segue preocupando

A inadimplência total do sistema foi de 3,9% em agosto, com destaque para 4,8% entre pessoas físicas e 2,6% entre pessoas jurídicas. Já o comprometimento da renda das famílias chegou a 27,9%, refletindo a dificuldade em equilibrar ganhos e dívidas diante de juros tão elevados.

Conclusão

Os juros do cartão de crédito rotativo permanecem em patamares alarmantes, comprometendo o orçamento das famílias e aumentando os custos para empresas. Enquanto a Selic seguir elevada, o crédito continuará caro, exigindo atenção redobrada de consumidores e empresários para evitar o endividamento excessivo.

Redação Contraponto

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