Crescimento do PIB trava no 3º trimestre e consumo das famílias perde força
Economia brasileira avança apenas 0,1% e mostra sinais claros de desaceleração no principal motor interno: o consumo das famílias

O consumo das famílias, historicamente o principal impulsionador do PIB brasileiro, apresentou avanço de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior. O resultado marca uma desaceleração significativa diante das altas de 0,6% registradas tanto no primeiro quanto no segundo trimestre do ano. A leitura reforça que as famílias estão mais cautelosas, influenciadas pelo crédito caro, renda comprimida e menor confiança na economia.
PIB nacional cresce apenas 0,1% e sinaliza enfraquecimento da atividade
Segundo o IBGE, o PIB do Brasil também avançou apenas 0,1% no período, confirmando a perda de força da economia. Após um início de ano mais aquecido, o desempenho do terceiro trimestre evidencia um cenário de menor tração, com pressões vindas principalmente do setor de Serviços, que representa cerca de 70% da economia nacional.
Serviços mostram quase estabilidade, enquanto indústria se destaca
Do lado da oferta, o setor de Serviços cresceu apenas 0,1%, configurando o principal freio da atividade no trimestre. Já a indústria apresentou desempenho mais robusto, com alta de 0,8%, puxada principalmente por indústrias extrativas, construção civil e transformação. A agropecuária ficou estável, com variação de 0,4%.
Desempenho dos principais setores da economia
A comparação com o segundo trimestre mostra a seguinte evolução:
- Serviços: +0,1%
- Indústria: +0,8%
- Agropecuária: +0,4%
- Exportações: +3,3%
- Importações: +0,3%
- Consumo das famílias: +0,1%
- Consumo do governo: +1,3%
- Investimentos: +0,9%
Os números mostram que o dinamismo veio do setor industrial e das exportações, enquanto o consumo interno — tanto público quanto privado — teve crescimento limitado.
Indústria avança em três dos quatro subsetores
Dentro do setor industrial, o cenário foi majoritariamente positivo:
- Indústrias extrativas: +1,7%
- Construção: +1,3%
- Indústrias de transformação: +0,3%
- Eletricidade, gás, água e saneamento: –1,0%
A queda nas atividades de utilidade pública compensou parcialmente os avanços, mas não impediu o bom desempenho geral do setor.
Serviços apresentam alta desigual entre atividades
Apesar do resultado agregado modesto, alguns subsetores de serviços se destacaram:
- Transporte, armazenagem e correio: +2,7%
- Informação e comunicação: +1,5%
- Atividades imobiliárias: +0,8%
- Comércio: +0,4%
- Administração pública e seguridade social: +0,4%
- Outras atividades de serviços: +0,2%
A única categoria em queda foi a de atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, que recuou 1%, refletindo o cenário de juros altos e menor demanda por operações financeiras.
Investimentos crescem, mas taxa segue menor que em 2024
Os investimentos tiveram leve alta de 0,9% no trimestre, porém a taxa de investimento do país foi de 17,3% do PIB, ligeiramente inferior aos 17,4% observados no terceiro trimestre de 2024. A taxa de poupança permaneceu estável em 14,5%, indicando pouca margem para expansão futura via poupança doméstica.
PIB brasileiro soma R$ 3,2 trilhões no trimestre
O PIB total atingiu R$ 3,2 trilhões no período, sendo R$ 2,8 trilhões referentes ao valor adicionado e R$ 449,3 bilhões provenientes de impostos líquidos de subsídios. O resultado consolida um trimestre de baixo dinamismo, pressionado pela fraqueza do consumo interno e pela recuperação limitada dos serviços.
O que esperar para os próximos meses
O desempenho do terceiro trimestre indica um cenário de cautela para os trimestres seguintes. A estagnação do consumo das famílias tende a limitar o crescimento, especialmente em um ambiente marcado por juros elevados, crédito restrito e renda real ainda fraca. Exportações e setores industriais podem continuar sustentando a atividade, mas com capacidade limitada de compensar o enfraquecimento do mercado doméstico.






