Crédito desacelera, inadimplência sobe e juros avançam em agosto, aponta Banco Central
Dados do Banco Central mostram alta na inadimplência das famílias, desaceleração do crédito e juros elevados em modalidades como cartão de crédito e consignado privado

O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou as estatísticas de crédito referentes a agosto de 2025 e os números revelam um cenário de atenção para o mercado financeiro. Apesar de o crédito ainda estar em expansão, o ritmo de crescimento desacelerou, a inadimplência aumentou e as taxas de juros seguem em patamares elevados.
Estoque total de crédito atinge R$ 6,8 trilhões
O estoque total de crédito no Sistema Financeiro Nacional alcançou R$ 6,8 trilhões. O crescimento foi puxado principalmente pelas famílias, em especial nos empréstimos consignados e nos financiamentos de veículos. No entanto, o crédito para empresas registrou retração de 0,1% no mês, influenciado pela queda de 1,2% nas linhas de capital de giro.
Inadimplência cresce entre as famílias
A inadimplência, que considera operações com atraso superior a 90 dias, subiu para 3,9% do total do crédito. O aumento foi mais expressivo entre as famílias, cuja taxa chegou a 6,8%. Já o crédito livre às empresas se manteve estável em 3,3%. Esse movimento acende um alerta, pois o endividamento das famílias impacta diretamente o consumo e a sustentabilidade financeira do sistema de crédito.
Novo consignado para trabalhadores do setor privado
Um dos destaques do relatório do Banco Central é a análise sobre o novo consignado para trabalhadores do setor privado. Essa modalidade, em que o desconto é feito diretamente na folha de pagamento, foi classificada como mais cara do que os contratos antigos, nos quais era necessário convênio entre empresas e bancos.
Mesmo assim, o novo consignado é bem mais acessível do que o crédito pessoal não consignado. Em julho, a taxa média dessa modalidade foi de 3,9% ao mês, contra 2,6% do consignado antigo e 6,2% do crédito pessoal. Os dados também mostram que os juros foram maiores para empregados de empresas menores, diminuindo gradualmente até se estabilizar em empresas de porte médio.
Juros continuam elevados em diferentes modalidades
Em agosto, a taxa média do consignado para trabalhadores do setor privado ficou em 3,79% ao mês, ainda o dobro do valor pago por aposentados e servidores públicos, que giram em torno de 1,8%. Outras linhas de crédito continuam pressionando as famílias brasileiras: o cheque especial chegou a 7,49% ao mês e o cartão de crédito rotativo a 15,29%.
Crédito ampliado chega a 159% do PIB
Outro dado relevante divulgado pelo Banco Central foi o crédito ampliado, que inclui empréstimos e títulos públicos e privados. Em agosto, esse montante atingiu R$ 19,7 trilhões, o equivalente a 159% do Produto Interno Bruto (PIB). O crescimento mais expressivo ocorreu no crédito direcionado às famílias, reforçando a importância desse segmento para o sistema financeiro nacional.