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Aumento do IOF eleva custo do crédito para MEIs e empresas do Simples Nacional: entenda os impactos

Microempreendedores individuais (MEIs) e empresas optantes pelo Simples Nacional sentirão no bolso as novas regras do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que restabeleceu parcialmente o decreto do Governo Federal, traz aumento das alíquotas do imposto, encarecendo significativamente o crédito empresarial para os pequenos negócios.

A mudança, publicada no Diário Oficial da União, vem em um momento delicado para muitos empreendedores, que já enfrentam margens apertadas e dificuldades para acessar crédito em um cenário de alta inadimplência e desaceleração econômica.

O que mudou no IOF para empresas do Simples Nacional

Com o novo decreto, o teto do IOF para operações de crédito empresarial passou de 1,88% para 3,38% ao ano. No caso específico de empresas do Simples Nacional, a alteração foi ainda mais significativa:

  • Alíquota fixa subiu de 0,38% para 0,95%
  • Alíquota diária dobrou de 0,00137% para 0,00274%

Para operações de até R$ 30 mil, a alíquota anual passa de 0,88% para 1,95%. Acima desse valor, o encargo pode atingir até 3,95% ao ano, o mesmo aplicado às demais pessoas jurídicas.

O impacto prático no custo do crédito

O efeito no dia a dia dos empreendedores é evidente. Um empréstimo de R$ 10 mil que antes gerava R$ 188 de IOF pode, agora, custar até R$ 395. Para empresas do Simples, esse mesmo valor sobe de R$ 88 para R$ 195.

Esse aumento de quase 100% no imposto reduz a margem de lucro, eleva o custo dos produtos e, inevitavelmente, impacta o consumidor final. Para quem depende de antecipação de recebíveis ou capital de giro, a elevação do IOF representa um novo desafio financeiro.

Crédito mais caro e mais difícil para os pequenos

Segundo Charles Gularte, vice-presidente executivo de Serviços aos Clientes da Contabilizei, a nova alíquota dificulta ainda mais o acesso ao crédito para pequenos empreendedores:

“A medida tem impacto direto em uma margem de lucro que já é apertada. Além disso, pode restringir operações e exigir mais planejamento financeiro.”

O alerta é claro: com juros e impostos em alta, os pequenos negócios precisarão redobrar o cuidado ao contratar crédito, buscar renegociações e avaliar novas linhas mais vantajosas para manter a operação saudável.

Justificativa do governo e previsão de arrecadação

De acordo com o Ministério da Fazenda, o objetivo do novo decreto é uniformizar o tratamento tributário entre pessoas físicas e jurídicas, corrigindo assimetrias no sistema. A estimativa é que a medida gere R$ 11,5 bilhões em arrecadação apenas em 2025.

Entretanto, a suspensão da cobrança de IOF sobre a modalidade de “risco sacado” pelo STF deve gerar perdas de R$ 450 milhões em 2025 e até R$ 3,5 bilhões em 2026, segundo projeções oficiais.

O que fazer diante desse novo cenário?

Para MEIs e empresas do Simples Nacional, o caminho passa por:

  • Planejamento financeiro mais rigoroso
  • Avaliação criteriosa das opções de crédito
  • Atenção redobrada aos contratos, taxas e tributos embutidos
  • Consultoria com contadores para encontrar alternativas mais econômicas

O aumento do IOF não é apenas um dado contábil: é um fator direto que pode inviabilizar operações, atrasar investimentos e impactar a competitividade de quem está na base da economia.

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