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FIDCs ganham força como alternativa de crédito para empresas médias no Brasil

Com os bancos cada vez mais seletivos na concessão de crédito, especialmente para o middle market, as empresas médias vêm migrando para novas alternativas de financiamento. Entre elas, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) despontam como uma solução eficaz, flexível e em forte expansão. Com volume recorde de captação e operações cada vez mais sofisticadas, os FIDCs vêm conquistando espaço no ecossistema financeiro nacional — e transformando a maneira como o crédito é estruturado no país.

O que são os FIDCs e por que estão crescendo?

Os FIDCs são fundos que adquirem direitos creditórios, como duplicatas, contratos e recebíveis e os transformam em cotas para investidores. Na prática, funcionam como uma ponte entre empresas que precisam de capital e investidores que buscam retorno com base em ativos reais.

Em junho de 2025, os FIDCs captaram R$ 22,45 bilhões, o maior volume mensal em oito meses. No acumulado de 12 meses, o setor movimentou R$ 120,5 bilhões. A tendência é de alta contínua, impulsionada pela retração bancária, manutenção dos juros elevados e a necessidade crescente de crédito estruturado entre empresas médias.

Retração dos bancos impulsiona crédito privado estruturado

Enquanto os bancos reduziram sua exposição ao crédito corporativo (queda de 0,5% em abril), o estoque de crédito privado ultrapassou R$ 1,2 trilhão. A razão é clara: as instituições tradicionais estão exigindo garantias mais robustas, encurtando prazos e limitando o acesso das empresas de médio porte.

Esse cenário empurra o middle market para os FIDCs, que oferecem:

  • Estruturas customizadas de crédito;
  • Maior flexibilidade na negociação de prazos e garantias;
  • Incorporação de recebíveis, contratos e ativos reais.

Ou seja, uma alternativa mais adaptada à realidade das empresas médias, muitas vezes ignoradas pelos grandes bancos.

Empresas médias encontram nos FIDCs um caminho estratégico

O CEO da Asset Bank, Gustavo Assis, explica que os FIDCs estão se consolidando como solução inteligente e estruturada para empresas que operam entre o pequeno e o grande porte. Com agilidade, segurança jurídica e estrutura sob medida, os fundos viabilizam acesso ao crédito em um ambiente de instabilidade econômica.

Mesmo diante das incertezas sobre a tributação do IOF, os fundos se adaptaram rapidamente, mantendo ritmo forte de operações. Um único FIDC movimentou R$ 15 bilhões em junho, e setores como fomento mercantil, financeiro e agroindustrial também tiveram alta expressiva.

Benefícios dos FIDCs para o mercado e a economia real

A estrutura dos FIDCs permite às empresas:

  • Financiar expansão;
  • Reestruturar passivos;
  • Financiar aquisições;
  • Operar com mais previsibilidade e estabilidade.

Ao mesmo tempo, investidores contam com operações lastreadas em garantias reais, o que oferece maior segurança em um cenário de volatilidade fiscal. A combinação entre risco controlado e retorno atraente tem reforçado a atratividade desses fundos no mercado.

A reconfiguração do mercado de crédito no Brasil

A migração de empresas médias para os FIDCs representa uma transformação estrutural no sistema de crédito brasileiro. Em vez de depender exclusivamente do crédito bancário tradicional, as empresas encontram nos fundos uma alternativa mais eficaz, adaptada ao seu perfil de risco e às condições econômicas atuais.

Com juros elevados, inflação resistente e reforma tributária avançando de forma lenta, o crédito estruturado deve continuar ganhando força. Os FIDCs, por sua vez, devem seguir se consolidando como um dos principais instrumentos de alocação de capital fora dos grandes grupos financeiros.

Redação Contraponto

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