Banco Central do Brasil pode manter juros em 15% por longo período, afirma diretor
Autoridades monetárias reforçam postura cautelosa diante das incertezas fiscais e da inflação persistente

O diretor de política monetária do Banco Central do Brasil, Nilton David, afirmou que a taxa básica de juros deve permanecer em 15% por um período prolongado, reforçando uma postura conservadora diante do atual cenário econômico. A declaração foi feita durante um evento do UBS BB em Washington, e indica que a instituição pretende aguardar os efeitos completos da política monetária antes de considerar cortes.
Segundo David, o país está enfrentando um ciclo de aperto mais intenso que os anteriores, e a decisão de manter os juros elevados busca avaliar o impacto do ajuste sobre a inflação e o crescimento econômico. Ele destacou que o BC “quer permanecer firme até que os dados mostrem convergência para os níveis desejados”.
Estratégia é conter inflação sem travar o crescimento
Nilton David explicou que o Banco Central não pretende paralisar o crescimento econômico, mas sim mantê-lo dentro do chamado “potencial produtivo”. Isso significa permitir que a economia avance de forma sustentável, sem gerar novas pressões inflacionárias.
Os dados econômicos recentes, segundo ele, seguem alinhados com o planejamento da autoridade monetária, o que dá confiança para manter a atual taxa de juros.
O diretor também mencionou que a mensagem de estabilidade foi bem recebida pelos mercados financeiros, sinalizando credibilidade na condução da política monetária. “Parece que este nível de taxa de juros será aquele que nos colocará de volta nos trilhos”, declarou.
Incertezas fiscais seguem no radar do Banco Central
Um dos principais desafios apontados por Nilton David está no campo fiscal. Ele ressaltou que as questões fiscais são um dos motivos pelos quais as expectativas de inflação permanecem desancoradas, ou seja, acima da meta estabelecida.
O BC evita especular sobre políticas fiscais do governo, mas reconhece que a condução das contas públicas tem papel crucial na confiança dos investidores e na trajetória futura dos juros.
Real brasileiro mostra estabilidade após volatilidade
Em relação ao câmbio, David afirmou que o real está praticamente devolvendo o movimento visto no ano passado, indicando um comportamento mais estável da moeda brasileira no cenário internacional.
Apesar disso, ele reforçou que o Banco Central segue monitorando atentamente todos os indicadores econômicos, e que qualquer decisão futura dependerá da análise do conjunto dos dados, e não de variações isoladas.
Perspectivas para a economia brasileira
A decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 15% por um período prolongado reflete uma estratégia de cautela diante da volatilidade global e das incertezas fiscais internas. O objetivo é garantir que o controle da inflação ocorra de forma consistente, sem comprometer o crescimento de longo prazo.
Para os investidores e analistas, a sinalização indica um ambiente de estabilidade monetária, mas também de cautela nas expectativas de corte de juros nos próximos meses.







