Vendas no varejo caem pelo terceiro mês seguido com crédito restrito e inflação alta
Consumo desacelera em meio ao endividamento das famílias e à perda do poder de compra. Perguntar ao ChatGPT

As vendas no varejo brasileiro recuaram 0,1% em junho, marcando o terceiro mês consecutivo de queda, segundo dados divulgados pelo IBGE. O cenário reflete o aperto nas condições de crédito e a persistência da inflação, especialmente nos preços de alimentos, que embora desacelerando, ainda pesam no orçamento das famílias. No acumulado de 2025, o setor registra crescimento de 1,8%, e em 12 meses, uma alta de 2,7%.
Setor de alimentos lidera a retração
O segmento de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios foi o principal responsável pela queda, com recuo de 0,5% no mês. O peso deste setor no indicador geral e a sensibilidade à inflação fazem dele um termômetro importante para o consumo das famílias. Em junho, o IPCA acumulou alta de 5,35% em 12 meses, acima da meta, reforçando o impacto no poder de compra dos brasileiros.
Inflação e crédito apertado afetam desempenho
De acordo com Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, a base de comparação elevada também contribuiu para o resultado negativo. A retração do crédito e a persistência de preços elevados em itens essenciais, como alimentos, foram fatores adicionais que limitaram a expansão das vendas no primeiro semestre.
Setores com desempenho negativo
Entre as oito atividades analisadas pelo IBGE, cinco registraram queda no volume de vendas entre maio e junho de 2025:
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%)
- Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%)
- Móveis e eletrodomésticos (-1,2%)
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%)
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%)
Setores que registraram crescimento
Apesar do cenário de retração, alguns segmentos tiveram desempenho positivo:
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+1,0%)
- Tecidos, vestuário e calçados (+0,5%)
- Combustíveis e lubrificantes (+0,3%)
Perspectivas para o segundo semestre
A expectativa é de que a continuidade da desaceleração da inflação, observada nos dados mais recentes de julho, contribua para a recuperação gradual do varejo. No entanto, a restrição no crédito e o endividamento das famílias seguem como obstáculos para um crescimento mais robusto nas vendas.