São Paulo reage ao tarifaço de Trump com crédito para exportadores

Com a possível entrada em vigor das novas tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros em 1º de agosto, o governo de São Paulo saiu na frente e anunciou um pacote emergencial de crédito para tentar mitigar os prejuízos às empresas exportadoras. A medida ocorre em meio à expectativa de uma resposta mais abrangente do governo federal e ao aumento da pressão sobre setores fortemente dependentes do comércio com os Estados Unidos.
Giro Exportador: crédito emergencial com juros subsidiados
A principal iniciativa do governo paulista é a criação da linha de crédito Giro Exportador, voltada para empresas que mantêm relações comerciais com o mercado americano. Com juros a partir de 0,27% ao mês + IPCA, o programa prevê:
- Financiamento de até R$ 20 milhões por empresa
- Prazo de até 60 meses para quitação
- Carência de 12 meses para o início do pagamento
- Montante total de R$ 200 milhões disponíveis, via Desenvolve SP
O objetivo é oferecer liquidez para que as empresas possam manter operações e honrar compromissos no curto prazo, enquanto buscam alternativas diante da possível perda de competitividade.
O impacto nas exportações de São Paulo
São Paulo é responsável por um terço de todas as exportações brasileiras para os EUA, com destaque para setores como:
- Maquinários agrícolas
- Carne processada
- Suco de laranja
Esse último, representado pela CitrusBR, é um dos mais preocupados. Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da entidade, a medida estadual é positiva, mas insuficiente frente ao volume de negócios ameaçado. Ele alertou que o aumento tarifário de até 50% pode inviabilizar economicamente a continuidade de operações com os Estados Unidos, mesmo com crédito subsidiado.
Governadores pressionam, mas solução ainda depende da União
Além de São Paulo, outros estados já se movimentaram:
- Goiás, com linha de crédito a juros anuais inferiores a 10%
- Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo estudam medidas semelhantes
A movimentação dos governadores, inclusive de nomes cotados para a presidência em 2026, como Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, indica que o tema se tornou politicamente sensível e ganha força como pauta nacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu os esforços locais, mas alertou que o impacto potencial das tarifas de Trump é sistêmico. O governo federal deve apresentar um plano de contingência na próxima semana, que incluirá medidas para proteger setores estratégicos.
A urgência de uma resposta negociada
Setores da indústria, como o de carnes e alimentos, e entidades como a Fiesp e associações de exportadores, ainda aguardam uma reação mais coordenada. A prioridade, segundo especialistas, deve ser buscar uma saída negociada com os EUA, para evitar retaliações em larga escala e prejuízos duradouros à balança comercial brasileira.
Enquanto isso, o apoio estadual, embora limitado em alcance, pode oferecer um respiro temporário às empresas que precisam de capital de giro imediato para se manterem competitivas no exterior.