Recuperação judicial pode bater recorde em 2025 com juros altos e inadimplência em alta

A combinação de juros elevados e crescimento da inadimplência está criando um cenário desafiador para empresas brasileiras. A expectativa é que 2025 registre um novo recorde de pedidos de recuperação judicial (RJ), superando os 2.273 casos de 2024, segundo projeções da Serasa Experian.
A queda no início do ano não representa alívio
Até abril de 2025, foram registrados 638 pedidos de recuperação judicial, o que representa uma queda de 6,9% em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, segundo a economista-chefe da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, esse recuo é temporário.
“A economia mais forte no início de 2025 segurou os pedidos, mas a taxa de juros deve pesar nos próximos meses”, afirma.
O impacto da Selic a 15% na saúde financeira das empresas
A taxa Selic em 15% ao ano tem efeitos cumulativos. Inicialmente, o impacto é lento, mas com o tempo, empresas e consumidores passam a restringir gastos e acumulam dificuldades para honrar dívidas. O resultado? Um número crescente de empresas sem fôlego financeiro e em busca de proteção judicial.
Recuperação judicial: como funciona e quem já recorreu
A recuperação judicial permite que empresas em dificuldades suspendam temporariamente suas obrigações financeiras, renegociem prazos e dívidas com os credores e tentem reestruturar suas operações.
Em 2025, já passaram por esse processo empresas de diferentes setores:
- Bombril (produtos de limpeza)
- Subsidiárias da Oi (telecomunicações)
- Faculdade FMU
- Clube de futebol Vasco
Inadimplência recorde pressiona o sistema de crédito
Outro alerta importante vem do número de empresas inadimplentes: 7,7 milhões, o maior já registrado. Com esse volume, os bancos se tornam mais rigorosos na concessão de crédito, o que aumenta o risco de falência e acelera os pedidos de RJ.
Setores mais expostos ao consumo doméstico, como varejo, educação e serviços, tendem a ser os mais afetados.
Consultorias alertam para crise de liquidez crescente
De acordo com a consultoria Corporate Consulting, o número de RJs pode atingir 2.400 casos em 2025. O fundador da empresa, Luiz Alberto Paiva, explica que a ferramenta tem sido usada para tentar evitar o colapso financeiro:
“Estamos entrando em um nível estatisticamente alarmante. A crise de liquidez está se agravando mês a mês, tirando emprego e consumo do mercado.”
Negociação antes da RJ: o caso da Invepar
Muitas empresas buscam alternativas antes de recorrer à justiça. É o caso da Invepar, dona de importantes ativos como o Aeroporto de Guarulhos e a Linha Amarela do Rio. A empresa tenta evitar a RJ utilizando o mecanismo de “standstill”, que adia o vencimento de dívidas.
A companhia tenta fechar um acordo com credores até o dia 17 de julho. A operação segue sem comentários públicos.