Crédito e Cobrança

Procura por crédito no varejo atinge maior nível desde 2024, mesmo com alta da Selic

O varejo brasileiro enfrenta um cenário desafiador em 2025, marcado por juros altos e instabilidade econômica. Ainda assim, o setor apresentou um aumento expressivo na procura por crédito, mesmo com a taxa Selic em 15%. Segundo levantamento do BTG Pactual, a busca por crédito no varejo atingiu seu maior nível desde agosto de 2024. Esse movimento revela uma tentativa das empresas de manter capital de giro e enfrentar as pressões do mercado.

Alta na procura por crédito mesmo com Selic elevada

Em maio de 2025, foram registradas 109 consultas de CNPJs do varejo na plataforma da Serasa para operações de crédito — uma recuperação significativa após a mínima de 83 consultas em dezembro de 2024. Desde então, o crescimento foi de 31%. O setor de serviços seguiu trajetória semelhante, com 116 consultas em maio, maior número desde abril do ano passado.

Esse aumento ocorre mesmo em um cenário de juros elevados, o que normalmente encarece o crédito. O comportamento sugere que muitas empresas estão recorrendo a financiamentos para manter as operações em funcionamento diante de margens de lucro pressionadas.

Falências caem, mas ainda preocupam

Apesar do aumento na procura por crédito, o número de falências no varejo segue alto. Nos últimos seis meses, foram 130 falências efetivadas e 93 pedidos. O pico de pedidos ocorreu em agosto de 2024 (40), mas caiu para 15 em abril de 2025 — uma retração de 62%.

Entretanto, as falências efetivas voltaram a crescer após uma queda em março, subindo de 13 para 26 em abril. Isso mostra que, mesmo com sinais de recuperação, a fragilidade financeira do setor ainda é uma realidade.

Recuperações judiciais seguem em queda

Os pedidos de recuperação judicial também diminuíram nos últimos meses. O menor número de pedidos foi registrado em março de 2025 (32), e o número de recuperações efetivadas caiu para 16 em abril — o menor patamar desde maio de 2024.

Essa queda pode indicar uma melhora na capacidade das empresas em negociar dívidas diretamente ou, em alguns casos, o fechamento sem tentativa de recuperação judicial. Também é possível que muitas empresas tenham encontrado soluções alternativas de crédito.

Estoques dão sinais de estabilização

O índice da situação de estoques, medido pela Fecomercio, mostra uma recuperação gradual. Após atingir 119,6 pontos em maio de 2024, recuou para 106,7 em março de 2025 e encerrou junho em 111,2 pontos. A percepção dos empresários segue estável: entre 55% e 60% consideram seus estoques adequados, enquanto cerca de 25% os avaliam como acima do ideal.

Essa estabilidade é positiva, pois mostra um equilíbrio entre oferta e demanda, evitando tanto a ruptura de produtos quanto o excesso de mercadorias paradas.

O que esperar do varejo nos próximos meses

A segunda metade do ano representa até 55% das vendas no varejo, segundo Willian Valiante, da EY. Com a aproximação de datas importantes para o comércio, como a Black Friday e o Natal, é provável que a procura por crédito continue em alta. Porém, o setor ainda precisará lidar com desafios como o alto custo do dinheiro, concorrência acirrada e o comportamento cauteloso do consumidor.

Empresas mais bem estruturadas financeiramente e com gestão eficiente de estoques devem sair na frente. Já aquelas que ainda enfrentam dificuldades poderão ter que recorrer a novas rodadas de crédito ou renegociações para atravessar o segundo semestre.

Redação Contraponto

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