Crédito e Cobrança

Pedidos de recuperação judicial no agronegócio batem recorde histórico no 2º trimestre de 2025

Alta de mais de 30% nos pedidos de recuperação judicial revela desafios financeiros crescentes para produtores rurais e empresas do setor agro no Brasil

O agronegócio brasileiro vive um momento de alerta. Segundo dados da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial (RJ) no setor atingiram um recorde histórico no segundo trimestre de 2025, com aumento de 31,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número total chegou a 565 solicitações, considerando produtores pessoas físicas (PF), pessoas jurídicas (PJ) e empresas ligadas ao agro.

Em comparação ao primeiro trimestre do ano, a alta foi ainda mais expressiva: 45,2%. Os dados indicam que o cenário de endividamento e inadimplência no campo está se agravando, impulsionado principalmente por produtores que atuam como pessoa jurídica.

Produtores rurais PJ ultrapassam PF em pedidos de recuperação judicial

Pela primeira vez desde o fim de 2023, os produtores rurais com registro como pessoa jurídica superaram os pedidos realizados por pessoas físicas. No segundo trimestre, 243 solicitações foram feitas por PJs, mais que o dobro do volume registrado no mesmo período do ano passado (121).

Entre os produtores PJ, o cultivo de soja lidera o ranking de recuperações judiciais, com 192 pedidos, seguido pela pecuária bovina, com 26 solicitações. Esse aumento chama a atenção de especialistas, que ainda avaliam se o crescimento reflete uma mudança estrutural no setor ou se houve apenas um represamento de pedidos anteriores.

Clima, juros e endividamento formam a tempestade perfeita

A combinação de problemas climáticos com juros altos e queda de produtividade vem pressionando fortemente o caixa dos produtores. No último ano, perdas em lavouras de soja e milho reduziram a rentabilidade e dificultaram o pagamento de dívidas, levando muitos empresários rurais a buscar a recuperação judicial como alternativa.

O aumento das taxas de juros também elevou o custo do crédito agrícola, ampliando o número de produtores inadimplentes. Segundo o Banco do Brasil, principal credor do agronegócio, há ainda uma preocupação com o avanço da chamada advocacia predatória, em que produtores são incentivados a pedir recuperação antes mesmo de negociar suas dívidas com as instituições financeiras.

Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul lideram os pedidos de RJ

O levantamento da Serasa mostra que os estados com maior número de solicitações de recuperação judicial no segundo trimestre foram Goiás (94), Mato Grosso (73), Rio Grande do Sul (66), Minas Gerais (63) e Paraná (63). Essas regiões concentram parte expressiva da produção nacional de grãos, carnes e derivados, setores que mais sofreram com a instabilidade econômica recente.

Além dos produtores rurais, empresas ligadas ao agronegócio também registraram recorde, com 102 pedidos de RJ. O destaque ficou para o setor de processamento de agroderivados, que inclui indústrias de óleo e farelo de soja, açúcar, etanol e laticínios, com 32 solicitações.

Soluções para conter a inadimplência no campo

Diante desse cenário, instituições financeiras e empresas de análise de crédito vêm reforçando suas estratégias de prevenção de riscos. A própria Serasa Experian tem investido em soluções como o Agro Score, ferramenta que ajuda a identificar potenciais riscos de inadimplência antes da concessão de crédito, reduzindo a exposição de credores e promovendo maior segurança nas operações do setor.

Apesar das dificuldades, especialistas afirmam que a adoção de gestão financeira eficiente, renegociação antecipada de dívidas e planejamento de safra com análise de riscos pode ajudar produtores e empresas a evitar o colapso financeiro e se recuperar de forma sustentável.

Redação Contraponto

Nossa redação, a central de informações do mercado que tem a função de buscar as notícias mais quentes direto da fonte. Em mais de 3 anos, foram mais de 1500 notícias publicadas com credibilidade, rapidez e apuração, sempre entregando os melhores insights para a nossa audiência.

Artigos relacionados