O passado do seu cliente, o presente do regulatório e o futuro dos resultados

No episódio 199 do podcast ContraPonto, Pedro Felipe e Marcos Guerra receberam Gabriel Jacques executivo de TI e especialista em risco de crédito com quase duas décadas de experiência no setor. Gabriel trouxe reflexões valiosas sobre como o crédito vem passando por transformações significativas no Brasil. Antes, os birôs de crédito se limitavam a informações básicas de negativação. Hoje, a análise vai além, englobando comportamento, dados cadastrais, histórico financeiro e até mesmo relações familiares e empresariais.
Essa mudança mostra que a concessão de crédito deixou de ser apenas estatística para se tornar um processo de leitura inteligente do comportamento humano, abrindo espaço para decisões mais justas e assertivas.
O papel do Open Gateway na validação de dados
Um dos pontos destacados foi o impacto do Open Gateway. Essa tecnologia permite verificar informações diretamente com operadoras, garantindo maior precisão na validação de contatos e dados cadastrais. Isso contribui para reduzir fraudes, agilizar processos e oferecer uma visão mais clara sobre quem realmente está por trás de uma solicitação de crédito.
Apesar do potencial, Gabriel lembrou que essa ferramenta ainda é pouco explorada pelo mercado, representando uma oportunidade de inovação para empresas que buscam mais segurança na tomada de decisão.
Household e grupo econômico: além da análise individual
Outro insight importante foi a necessidade de olhar para além da pessoa física ou da empresa isoladamente. No crédito, muitas vezes é preciso avaliar o household (família, vínculos de parentesco) e o grupo econômico.
Um caso citado mostrou como a análise do sócio de uma empresa — e de seus relacionamentos empresariais — pode revelar riscos ocultos que não aparecem no score tradicional. Esse olhar mais amplo pode evitar prejuízos de milhões em operações de crédito e locação de ativos.
Score de crédito: entre oscilações e realidade
O episódio também destacou as limitações do score de crédito. Gabriel e os hosts compartilharam situações em que o score variava dezenas de pontos em poucos dias, sem que houvesse mudanças reais na conduta financeira da pessoa.
Para ele, o score é apenas um “satélite”, enquanto a conduta e o histórico representam o verdadeiro “lastro” do consumidor. Essa visão reforça a importância de não confiar apenas em números frios, mas em dados contextualizados que refletem a realidade financeira e comportamental.
Crédito baseado em comportamento: um modelo mais humano
Ao comentar sobre experiências com fintechs como o Mercado Pago, Gabriel ressaltou como o mercado está migrando para um modelo de análise mais conectado ao comportamento de consumo. Mesmo sem histórico tradicional de crédito, clientes podem ter acesso a financiamentos e limites elevados com base em seu padrão de uso e relacionamento com a plataforma.
Esse modelo cria uma relação mais próxima de confiança, que vai além da análise de birôs. Contudo, ele também exige responsabilidade e governança para que o crédito concedido seja realmente sustentável.
Do crédito sustentável ao crédito regenerativo
Para encerrar, Gabriel trouxe uma provocação poderosa: o futuro do setor não é apenas o crédito sustentável, mas sim o crédito regenerativo. Ou seja, um modelo em que, a cada concessão e recuperação, cria-se um ciclo positivo, fortalecendo tanto consumidores quanto instituições financeiras.
Essa visão amplia o papel social do crédito, permitindo que ele continue sendo uma ferramenta de realização de sonhos, em vez de um peso que aprisiona pessoas em ciclos de endividamento.
Conclusão
O episódio 199 do ContraPonto com Gabriel Jacques deixou claro que o crédito no Brasil está em plena transformação. A análise comportamental, o uso inteligente de dados e a visão regenerativa abrem caminho para um mercado mais justo, humano e inovador.
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