Novo modelo de crédito imobiliário pode liberar R$ 20 bilhões na economia em 2025
Entenda como a nova regra do crédito imobiliário com recursos da poupança pode transformar o mercado habitacional e impulsionar a economia brasileira

O governo federal anunciou um novo modelo de crédito imobiliário que utiliza recursos da poupança de forma mais flexível e estratégica. A medida foi elaborada em conjunto pelo Banco Central, Ministério das Cidades, Ministério da Fazenda e Caixa Econômica Federal. O objetivo central é modernizar o direcionamento obrigatório dos depósitos da caderneta, que hoje financiam majoritariamente a habitação, mas que têm perdido espaço devido à queda na atratividade da poupança frente a outras aplicações financeiras.
Com a nova sistemática, cada real destinado a financiamentos habitacionais permitirá ao banco liberar o mesmo valor da poupança para aplicação livre por até cinco anos. Assim, cria-se um incentivo para que as instituições ampliem a oferta de crédito imobiliário, já que terão acesso a recursos adicionais que podem ser empregados em operações mais lucrativas. Após o período de cinco anos, os bancos precisarão conceder novos financiamentos para renovar esse benefício.
Impacto direto na economia e no sistema financeiro
O efeito imediato da medida pode ser bastante significativo. Estimativas indicam uma injeção mínima de R$ 20 bilhões na economia ainda em 2025, com possibilidade de alcançar até R$ 37,5 bilhões, a depender da disposição dos bancos em adotar o novo modelo.
Esse estímulo será viabilizado por meio da redução temporária do compulsório da poupança, que cairá de 20% para 15% durante a fase de testes, prevista até o fim de 2026. Na prática, os bancos terão mais liquidez para ampliar a concessão de crédito, o que pode se traduzir em maior competitividade nas taxas e condições de financiamento.
Benefícios para o setor imobiliário e consumidores
A principal consequência positiva recai sobre o mercado imobiliário e os compradores de imóveis. Com o aumento da oferta de crédito e maior flexibilidade para os bancos, a tendência é que os financiamentos habitacionais se tornem mais acessíveis, com taxas reduzidas e prazos mais atrativos.
Do total de recursos liberados, 80% deverão ser aplicados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros limitados a 12% mais a Taxa Referencial (TR). Já os 20% restantes poderão ser aplicados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que não possui limites de taxa, permitindo maior liberdade de negociação.
Esse mecanismo também deve impulsionar o setor da construção civil, gerar novos empregos e movimentar a cadeia produtiva ligada ao mercado de habitação.
Desafios diante da política monetária
Apesar do potencial de crescimento, a iniciativa traz um ponto de atenção: ela acontece em um contexto de política monetária restritiva, em que o Banco Central busca conter a inflação mantendo a taxa Selic em níveis elevados, atualmente em 15% ao ano.
Ao ampliar a oferta de crédito, há um risco de pressão adicional sobre os preços, mas especialistas acreditam que o impacto será limitado, já que a liberação de recursos está vinculada exclusivamente ao financiamento habitacional. Portanto, o efeito expansionista tende a ser mais controlado do que em outras medidas de estímulo ao crédito.
Perspectivas para 2027 e além
Se plenamente implementado até 2027, o novo modelo pode representar uma verdadeira transformação estrutural no mercado de crédito imobiliário brasileiro. Simulações de técnicos do governo indicam que a exigibilidade de crédito no setor pode mais do que dobrar, saltando de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em apenas dois anos.
Esse avanço pode garantir maior previsibilidade para os bancos, ampliar as oportunidades para famílias que buscam realizar o sonho da casa própria e consolidar a habitação como um dos principais motores de crescimento da economia nacional.
Em um cenário de mudanças no perfil dos investidores e de crescente busca por alternativas mais rentáveis que a poupança, essa inovação regulatória pode ser o passo necessário para revitalizar a principal fonte de financiamento imobiliário do país e garantir estabilidade ao setor nos próximos anos.
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