CAPACrédito e Cobrança

Inadimplência bate recorde no Brasil e atinge 69,66 milhões de consumidores em março de 2025

A inadimplência voltou a preocupar o mercado e as famílias brasileiras. De acordo com o Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o Brasil registrou, em março de 2025, o maior número de consumidores negativados desde o início da série histórica. Foram 69,66 milhões de pessoas com o nome restrito, o que corresponde a 42,01% da população adulta.

Essa alta reflete o cenário econômico instável e as dificuldades enfrentadas pelas famílias para manter as contas em dia. A seguir, vamos detalhar os principais dados do levantamento e analisar os impactos para o mercado e para o consumidor.

Crescimento da inadimplência no comparativo anual e mensal

Na comparação com março de 2024, o número de inadimplentes aumentou 3,89%. Já em relação a fevereiro de 2025, a alta foi de 1,54%. O resultado confirma a tendência de elevação nos níveis de inadimplência, demonstrando que o endividamento segue sendo um desafio para o brasileiro.

Segundo José César da Costa, presidente da CNDL, o momento exige cautela. Ele orienta que os consumidores priorizem o pagamento de dívidas já existentes antes de assumirem novos compromissos, evitando agravar ainda mais a situação financeira pessoal.

Tempo de atraso das dívidas: alta no intervalo de 3 a 4 anos

Um dado que chama a atenção no levantamento é o crescimento expressivo de 43,97% nas inclusões de consumidores inadimplentes com dívidas em atraso entre 3 e 4 anos. Esse perfil de dívida antiga indica dificuldade de regularização e acúmulo de pendências financeiras, o que prejudica o acesso ao crédito e aumenta a pressão sobre o orçamento das famílias.

Perfil do inadimplente: faixa etária e distribuição por sexo

A faixa etária com maior concentração de inadimplentes está entre 30 e 39 anos, representando 23,76% do total. Estima-se que mais da metade (50,79%) dessa faixa etária esteja com o nome negativado, o que evidencia o impacto financeiro sobre uma parcela economicamente ativa e produtiva da população.

Quando analisado por sexo, a participação está bem equilibrada: 51,06% dos inadimplentes são mulheres e 48,94% são homens.

Valor médio das dívidas e quantidade de credores

Em média, cada consumidor negativado devia R$ 4.604,54 em março de 2025. Além disso, cada inadimplente tinha pendências com cerca de 2,16 credores.

Outro dado relevante é que três em cada dez consumidores tinham dívidas de até R$ 500, enquanto 44,11% das dívidas registradas não ultrapassavam R$ 1.000. Essa realidade reforça como pequenas dívidas podem se acumular e levar à negativação.

Setores com maior participação nas dívidas em atraso

O setor bancário lidera com folga a concentração das dívidas em atraso, respondendo por 66,74% do total. Na sequência aparecem:

  • Contas de água e luz: 9,87%
  • Comércio: 9,73%
  • Outros setores: 8,02%

Em contrapartida, as dívidas com Água e Luz, Comércio e Comunicação apresentaram queda no número de pendências, enquanto o setor bancário registrou alta de 10,83% em relação ao ano anterior.

Diferenças regionais na inadimplência

A inadimplência apresentou crescimento em todas as regiões, com destaque para o Centro-Oeste, que teve a maior alta anual (12,75%). A seguir vieram as regiões Norte (6,92%), Sudeste (5,79%), Nordeste (5,38%) e Sul (4,71%).

Em termos percentuais, a região Centro-Oeste também concentra o maior número de inadimplentes, com 45,91% da população adulta com o nome restrito, enquanto no Sul o índice ficou em 37,59%.

Crédito: oportunidade e risco para o consumidor

Diante desse cenário, o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, reforçou a importância de utilizar o crédito com planejamento. Ele recomenda que linhas de crédito disponíveis sejam aproveitadas para substituir dívidas mais caras por alternativas com juros menores, e não para novas compras, evitando o aumento do endividamento.

O aumento contínuo da inadimplência é um sinal de alerta para o mercado e para as famílias brasileiras. O momento exige organização financeira, renegociação de dívidas e cautela na hora de contrair novos compromissos. Empresas e instituições financeiras também precisam adaptar suas estratégias de crédito e cobrança, considerando o cenário econômico e o perfil de endividamento da população.

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