Crédito e Cobrança

Governo investiga Crefisa por abusos no crédito consignado do INSS: entenda o caso

O crédito consignado é uma das principais formas de acesso a empréstimos para aposentados e pensionistas no Brasil. No entanto, denúncias recentes envolvendo a Crefisa, empresa que venceu a maioria dos lotes para pagamento de benefícios do INSS entre 2025 e 2029, acenderam um alerta nas autoridades. O Ministério da Previdência Social iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades na atuação da empresa.

A seguir, entenda os detalhes do caso, as medidas adotadas pelo governo e os possíveis impactos para os beneficiários da Previdência.

Denúncias envolvem práticas abusivas e monopólio temporário

As denúncias recebidas pelo Ministério da Previdência incluem:

  • Concessão de empréstimos não solicitados
  • Falta de transparência nas informações
  • Atendimento inadequado
  • Restrições indevidas ao acesso aos valores liberados

As reclamações atingem, sobretudo, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, que são o principal público do crédito consignado. A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo) foi uma das entidades que formalizou as denúncias, também endereçadas ao INSS, Dataprev, Banco Central e à CGU.

A Crefisa venceu 25 dos 26 lotes do pregão nº 90.005/2024, o que levou a OAB-SP a questionar a concentração de poder nas mãos de uma única instituição. A entidade classificou o domínio como um “monopólio temporário”, supostamente em desacordo com os princípios da livre concorrência.

Governo aciona força-tarefa e inicia auditoria

Em resposta às denúncias, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, determinou uma investigação interna e acionou a força-tarefa previdenciária. Uma auditoria foi aberta para apurar não apenas o caso da Crefisa, mas também a atuação de outras instituições financeiras no mercado de crédito consignado.

O objetivo é verificar se os contratos firmados estão em conformidade com as normas e se os processos de concessão de empréstimos respeitam os direitos dos beneficiários.

Crefisa nega irregularidades e defende sua atuação

A Crefisa se manifestou oficialmente, negando todas as acusações. Segundo a instituição, os contratos seguem as regras estabelecidas no edital do pregão e não há monopólio, pois menos de 5% dos beneficiários migraram suas contas para o banco.

A empresa afirma que possui um processo criterioso de análise de crédito, com diversas etapas de verificação para evitar fraudes e concessões indevidas. Como evidência, destacou que mais de 1,7 milhão de propostas foram recusadas apenas entre janeiro e maio de 2025.

Além disso, a Crefisa reiterou seu compromisso com práticas éticas e disse estar aberta à fiscalização dos órgãos competentes.

Febraban e sistema de autorregulação também investigam

Embora não faça parte da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a Crefisa está inserida no sistema de autorregulação do crédito consignado, criado em parceria com a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Esse sistema também acolheu a denúncia e iniciou um processo de supervisão e monitoramento das práticas adotadas pela empresa.

O que está em jogo para os beneficiários do INSS

O crédito consignado é um recurso essencial para muitos aposentados e pensionistas. Por isso, a concentração dos pagamentos e do crédito em uma única instituição levanta preocupações sobre:

  • Liberdade de escolha do consumidor
  • Transparência na concessão de crédito
  • Possíveis práticas abusivas de venda casada ou assédio comercial

Com a investigação em andamento, é possível que o caso da Crefisa leve a mudanças estruturais nas regras do setor, reforçando mecanismos de proteção ao consumidor e fiscalização das instituições envolvidas.

Conclusão: sinal de alerta no sistema de crédito consignado

O escândalo envolvendo a Crefisa mostra que, apesar da importância do crédito consignado, ainda existem vulnerabilidades no sistema que podem afetar diretamente os beneficiários do INSS. A atuação firme do governo e dos órgãos reguladores será essencial para restaurar a confiança nesse tipo de serviço e garantir que ele continue a servir aos interesses da população com justiça, ética e responsabilidade.

Redação Contraponto

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