Crédito e Cobrança

Empréstimos mais acessíveis para idosos: bancos podem perder o direito de negar crédito por idade

Projeto de lei aprovado no Senado combate o etarismo financeiro e amplia o acesso ao crédito para a população acima de 60 anos

O acesso ao crédito é um fator decisivo para a autonomia financeira, especialmente em um país que envelhece de forma acelerada como o Brasil. Apesar disso, idosos ainda enfrentam obstáculos frequentes ao tentar contratar empréstimos, mesmo quando apresentam bom histórico de pagamento e renda estável. Esse cenário pode começar a mudar com o avanço de um projeto de lei que proíbe a recusa de crédito baseada exclusivamente na idade.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou o Projeto de Lei 3.332/2023, que impede bancos e instituições financeiras de negarem empréstimos utilizando critérios etários ou condições de saúde como justificativa isolada. A proposta busca enfrentar diretamente o etarismo financeiro e tornar o sistema de crédito mais justo e transparente.

Discriminação financeira ainda afeta a terceira idade

Mesmo representando uma parcela relevante da população economicamente ativa, pessoas com mais de 60 anos frequentemente relatam dificuldades para acessar produtos financeiros básicos. A negativa de crédito, muitas vezes automática, ocorre mesmo em situações nas quais o consumidor possui renda comprovada e histórico de adimplência.

Essa exclusão financeira afeta não apenas o consumo, mas também o planejamento de longo prazo, a reorganização da vida após a aposentadoria e a capacidade de lidar com imprevistos.

Como o etarismo financeiro se manifesta

O etarismo financeiro se expressa de diferentes formas no dia a dia das instituições. Entre as práticas mais comuns estão a aplicação de taxas de juros mais altas apenas pela idade, a redução injustificada do limite de crédito, a exigência de garantias excessivas e recusas sem explicação técnica clara. Esses mecanismos limitam o acesso ao crédito e reforçam preconceitos que não se sustentam em dados financeiros reais.

A importância do crédito para quem envelhece

Com o aumento da expectativa de vida, as necessidades financeiras se transformam. Despesas médicas tendem a crescer, adaptações na moradia se tornam necessárias e, em muitos casos, o idoso passa a apoiar financeiramente outros membros da família. O crédito deixa de ser apenas uma ferramenta de consumo e passa a ter papel central na manutenção da dignidade, da segurança e da qualidade de vida.

O texto aprovado estabelece que a idade não poderá ser utilizada como critério exclusivo para a negativa de empréstimos. As instituições financeiras continuarão podendo recusar crédito, desde que apresentem fundamentos objetivos e tecnicamente justificáveis. A proposta não elimina a análise de risco, mas impede que ela seja baseada em preconceitos.

Critérios que poderão justificar a recusa

De acordo com o projeto, a negativa de crédito deverá se apoiar em elementos concretos, como histórico de inadimplência, renda insuficiente, inconsistências cadastrais ou análise de risco baseada em dados financeiros verificáveis. Qualquer argumento relacionado apenas à idade ou à condição de saúde será considerado discriminatório.

Exigência de justificativa documentada

Um dos pontos centrais do projeto é a obrigatoriedade de apresentação de uma justificativa formal, clara e documentada quando o crédito for negado. Essa medida amplia a transparência, fortalece o direito à informação e permite que o consumidor compreenda exatamente os motivos da decisão.

Ao exigir justificativas objetivas, o projeto busca coibir práticas abusivas, recusas automáticas geradas por sistemas sem análise individual e discriminação velada. A transparência passa a ser um instrumento de proteção ao consumidor e de responsabilização das instituições financeiras.

Fiscalização e penalidades para descumprimento

O texto prevê punições para bancos e financeiras que descumprirem a nova regra. A fiscalização ficará sob responsabilidade da Secretaria Nacional do Consumidor, com apoio de outros órgãos de defesa do consumidor. As penalidades incluem multas administrativas, sanções regulatórias, responsabilização de dirigentes e, em casos mais graves ou reincidentes, detenção.

Adequação das políticas internas dos bancos

Caso a lei entre em vigor, as instituições precisarão revisar algoritmos de análise de crédito, políticas internas, critérios de risco e treinamentos das equipes. Especialistas avaliam que a mudança pode estimular o desenvolvimento de produtos financeiros mais adequados à realidade da terceira idade, com prazos, seguros e condições compatíveis com esse público.

Embora já tenha sido aprovado na Comissão de Direitos Humanos, o projeto ainda precisa passar por outras comissões, pelo plenário do Senado e pela Câmara dos Deputados. Se sancionado, representará um marco no combate ao etarismo financeiro e no fortalecimento da cidadania econômica no Brasil.

O avanço do projeto que proíbe a recusa de crédito por idade sinaliza uma mudança relevante na relação entre idosos e o sistema financeiro. Ao exigir critérios objetivos, transparência e responsabilidade, a proposta reconhece que envelhecer não significa perder capacidade de gestão financeira. Em um país onde a população idosa cresce rapidamente, garantir acesso justo ao crédito é garantir inclusão, dignidade e segurança econômica.

Redação Contraponto

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