Crédito e CobrançaMercado

O PIB brasileiro perde força no 2º semestre

Crescimento modesto, desemprego em queda e consumo moderado marcam o cenário econômico do Brasil no segundo semestre de 2025.

A economia brasileira registrou crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025, de acordo com dados do IBGE. Embora positivo, o resultado reforça a expectativa de desaceleração para a segunda metade do ano, depois de um 2024 marcado por expansão mais consistente.

Na comparação anual, o avanço foi de 2,2% em relação ao mesmo período de 2024, sustentando um acumulado positivo. O setor de Serviços permanece como principal motor da economia, com crescimento de 0,6%, alcançando a 20ª alta consecutiva. Entre os destaques estão os segmentos de informação e comunicação, serviços financeiros e serviços prestados às famílias.

Por outro lado, a Agropecuária recuou 0,1%, após um desempenho robusto na safra anterior, e a Indústria voltou a encolher, pressionada pela construção civil e pela indústria de transformação, ambas sensíveis ao crédito caro e às condições financeiras restritivas.

Do lado da demanda, o cenário mostra sinais de fraqueza: a Formação Bruta de Capital Fixo caiu 2,2%, evidenciando menor disposição para investimentos. O consumo das famílias cresceu 0,5%, mas em ritmo menor, enquanto o consumo do governo recuou 0,6%.

Apesar da perda de fôlego, alguns pontos sustentam a resiliência econômica: o mercado de trabalho continua aquecido e medidas fiscais, como os pagamentos de precatórios previstos para o terceiro trimestre, devem apoiar o consumo no curto prazo.

A projeção da Serasa Experian para o PIB em 2025 é de crescimento de 2,0%, abaixo dos 3,4% registrados em 2024.

Varejo confirma trajetória de desaceleração

O Índice de Atividade do Comércio caiu 1,5% em agosto, refletindo a retração da demanda em diversos segmentos. O resultado foi impactado por juros elevados, crédito restrito e maior cautela por parte do consumidor.

No acumulado de 2025, o setor mostra desaceleração: em janeiro e fevereiro, o crescimento anual ainda superava 5% sobre 2024, mas em agosto já havia caído para 4,2%, o menor patamar do ano.

Os ramos mais prejudicados foram os de Veículos, Motos e Peças (-6,4%), Combustíveis e Lubrificantes (-1,2%) e Materiais de Construção (-0,9%), todos altamente dependentes do crédito e da confiança do consumidor.

Em contrapartida, segmentos como Supermercados e Alimentos (+0,2%) e Móveis e Eletrodomésticos (+0,6%) conseguiram sustentar resultados positivos, impulsionados pelo consumo essencial e pela melhora da renda real das famílias.

Mesmo com essa moderação, o comércio deve encerrar 2025 com alta de 2,5%, abaixo do desempenho de 2024, quando o setor cresceu 3,8%.

Indústria segue pressionada por crédito caro e demanda fraca

A produção industrial caiu 0,2% em julho, registrando o quarto mês seguido sem crescimento. No acumulado em 12 meses, a alta é de 1,9%, bem inferior ao avanço de 3,1% observado em 2024.

A queda foi desigual entre as categorias:

  • Bens intermediários (+0,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (+0,1%) mostraram algum fôlego, impulsionados pela indústria extrativa e pela produção de medicamentos e açúcar.
  • Já os bens de capital (-0,2%) e os bens de consumo duráveis (-0,5%) continuam sofrendo com crédito restrito, estoques elevados e demanda privada enfraquecida.

Entre os 25 ramos analisados, 13 apresentaram retração, com destaque para metalurgia, bebidas e eletrônicos, enquanto setores como farmoquímicos e alimentos registraram alta.

A expectativa é que a indústria cresça 1,7% em 2025, ritmo bem mais fraco do que no ano anterior.

Serviços mantêm crescimento, mas em ritmo mais lento

O setor de serviços, que responde por mais de 70% do PIB, segue como o grande pilar da economia brasileira. Em julho, o volume de serviços cresceu 0,3%, sexto avanço consecutivo, e está 18,5% acima do nível pré-pandemia, um recorde histórico.

Na comparação anual, o setor avançou 2,8%, impulsionado principalmente por:

  • Informação e Comunicação (+1,5%), com destaque para tecnologia da informação (quase 13% de alta no ano).
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares (+0,8%).
  • Serviços prestados às famílias (+0,8%), que voltaram a crescer após meses de retração.

Já os Transportes (-0,1%) e Outros Serviços (-0,2%) recuaram, embora ainda mantenham desempenho positivo no acumulado do ano.

A projeção é que o setor de serviços avance 1,8% em 2025, abaixo dos 3,1% de 2024, refletindo a moderação no ritmo de crescimento.

Desemprego em queda e renda em alta sustentam consumo

Apesar da desaceleração da economia, o mercado de trabalho segue em trajetória positiva. A taxa de desocupação caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, o menor nível desde o início da série histórica em 2012.

O número de ocupados atingiu 102,4 milhões de pessoas, com destaque para os trabalhadores com carteira assinada (39,1 milhões, novo recorde) e para os trabalhadores por conta própria (25,9 milhões). A taxa de informalidade recuou para 37,8%, sinalizando avanços na formalização do emprego.

A renda real média subiu 3,8% em um ano, chegando a R$ 3.484, maior valor já registrado. Além disso, a massa de rendimento real alcançou R$ 352,3 bilhões, também recorde histórico.

Essa combinação de emprego elevado e renda em alta tem garantido resiliência ao consumo, especialmente nos segmentos básicos, mesmo diante de crédito caro e juros elevados.

A expectativa é que a taxa de desemprego encerre 2025 em 6,2%, ainda em patamar historicamente baixo.

Conclusão

O Brasil atravessa um momento de crescimento moderado, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido e pelo setor de serviços. No entanto, a indústria e o varejo mostram sinais claros de perda de dinamismo, e a política monetária restritiva deve limitar a expansão no curto prazo.

Para empresas e consumidores, o desafio será equilibrar renda em alta e emprego formalizado com o cenário de juros elevados e crédito caro. A economia ainda tem espaço para crescer em 2025, mas em ritmo menor que nos anos anteriores.

Redação Contraponto

Nossa redação, a central de informações do mercado que tem a função de buscar as notícias mais quentes direto da fonte. Em mais de 3 anos, foram mais de 1500 notícias publicadas com credibilidade, rapidez e apuração, sempre entregando os melhores insights para a nossa audiência.

Artigos relacionados