Dívida média dos brasileiros ultrapassa o salário mínimo e acende alerta sobre inadimplência

A inadimplência no Brasil atingiu um novo patamar preocupante. Segundo dados do Serasa e da plataforma Pagou Fácil (Paschoalotto), o número de brasileiros com dívidas cresceu significativamente em 2024, ultrapassando 77 milhões de inadimplentes em maio. Além disso, a dívida média por pessoa chegou a R$ 1.558,68, superando o atual salário mínimo de R$ 1.518.
Neste artigo, você confere os principais dados sobre esse cenário, as causas da inadimplência e os caminhos possíveis para renegociar e recuperar o controle financeiro.
Dívida média cresce acima da inflação e ultrapassa o salário mínimo
O valor médio da dívida por inadimplente cresceu 4,62% nos cinco primeiros meses de 2024, passando de R$ 1.489,90 em janeiro para R$ 1.558,68 em maio. O crescimento revela que o peso das dívidas tem aumentado proporcionalmente mais que a renda média dos brasileiros.
Ao todo, o montante total das dívidas subiu R$ 46 bilhões no período, saltando de R$ 419 bilhões para R$ 465 bilhões. Isso indica que além de mais pessoas estarem inadimplentes, o valor das dívidas também aumentou significativamente.
Quem são os inadimplentes e o que os levou a essa situação
O perfil dos inadimplentes permanece relativamente estável, com equilíbrio entre homens e mulheres e predominância de pessoas entre 26 e 60 anos. Entre os principais motivos para a inadimplência estão:
- Atraso no salário – 40,8%
- Endividamento excessivo – 22,3%
- Desemprego – 20,3%
- Empréstimos para terceiros, doenças e fraudes – percentuais menores, mas ainda relevantes
Esse cenário reflete o impacto da informalidade no trabalho, inflação persistente e instabilidade na renda familiar.
Setores que mais concentram dívidas
As dívidas continuam concentradas em setores já conhecidos:
- Bancos e cartões de crédito – 27,85%
- Contas básicas (água, luz e gás) – 20,17%
- Financeiras (empréstimos e crediários) – 19,38%
- Serviços diversos (TV, internet, telefonia) – 11,94%
O uso contínuo do crédito rotativo e o atraso em contas essenciais indicam um desequilíbrio orçamentário generalizado.
Onde estão os maiores índices de inadimplência
Segundo os dados da Paschoalotto, o Amapá lidera o ranking da inadimplência desde janeiro, com 63,14% da população adulta endividada em maio. Em contrapartida, Santa Catarina apresenta o menor índice, com 37,46%. A média nacional também subiu, de 45,94% para 47,33% no mesmo período.
Esses dados demonstram disparidades regionais e o impacto diferenciado das condições econômicas locais na capacidade de pagamento dos brasileiros.
Cresce a busca por negociação digital das dívidas
Mesmo com o cenário preocupante, há sinais de amadurecimento financeiro. Um exemplo disso é o aumento das renegociações feitas por canais digitais:
- Em 2023, 20,5% dos acordos eram feitos online
- Em 2024, esse número subiu para 28,9%
- Em 2025, já está na média de 30%, com pico de 32% em março
Esse movimento mostra um consumidor mais conectado, consciente e disposto a regularizar sua situação financeira, especialmente quando há acesso facilitado e seguro aos canais de negociação.
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Conclusão: como enfrentar a crise da inadimplência
A elevação das dívidas acima do salário mínimo é um forte indicativo de que muitas famílias estão operando no vermelho. Fatores como inflação, desemprego e informalidade continuam pressionando o orçamento doméstico, mas a boa notícia é que há alternativas viáveis de negociação e recuperação de crédito.
A digitalização das negociações, aliada à educação financeira, pode ser o caminho mais eficiente para devolver o controle aos consumidores. O momento exige planejamento, renegociação e mudanças de hábito, tanto por parte dos endividados quanto das instituições que oferecem crédito.
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