Demanda por crédito no Brasil cai 10,17% em agosto de 2025
A retração no consumo reflete juros altos e dificuldades de acesso ao crédito

O mercado de crédito no Brasil registrou uma retração significativa em agosto de 2025. De acordo com o Indicador de Demanda por Crédito da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), houve uma queda de 10,17% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação com julho de 2025, a redução foi ainda mais acentuada, de 25,06%.
Selic elevada encarece o crédito e freia consumo
Segundo José César da Costa, presidente da CNDL, o principal fator que explica essa retração é a taxa Selic elevada. O custo maior das linhas de crédito desestimula a contratação e impacta diretamente o consumo das famílias e o desempenho do varejo. Essa conjuntura também aumenta a dificuldade para quem precisa recorrer a financiamentos e empréstimos.
Perfil do consumidor que buscou crédito em agosto
A pesquisa mostra que 54,49% dos solicitantes foram homens, com destaque para a faixa etária de 40 a 49 anos, que representou 24,25% do total. Apenas 4,84% dos consultados chegaram a contratar algum serviço de crédito, sendo que 82,51% optaram por empréstimos e 13,87% por financiamentos.
Grupos financeiros que mais consultaram crédito
Os setores com maior participação nas consultas em agosto foram intermediação monetária depósitos à vista (43,59%) e seguros de vida e não vida (19,27%), somando juntos 62,86% das movimentações. Esse cenário mostra a predominância de operações ligadas a bancos e seguradoras.
Restrição no CPF ainda afeta grande parte dos consumidores
Outro dado relevante é que 33,81% dos consumidores consultados possuíam alguma restrição ativa no momento da busca por crédito. Essa realidade aumenta as dificuldades de aprovação, gera juros mais altos e perpetua um ciclo de endividamento.
O ciclo vicioso do crédito no Brasil
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, destaca que o país vive um círculo vicioso: consumidores recorrem ao crédito para fechar as contas, mas enfrentam negativas ou aceitam condições caras, o que aumenta a inadimplência. Para ele, a saída envolve ampliar linhas de crédito mais acessíveis, reduzir a dependência do cheque especial e do rotativo, além de fortalecer programas de renegociação aliados à educação financeira.
Participação regional na busca por crédito
O Sudeste liderou o número de consultas em agosto, com 46,16% do total, seguido pelo Nordeste (21,23%), Sul (17,78%), Centro-Oeste (8,39%) e Norte (6,44%). Esses números reforçam a concentração do consumo e do mercado de crédito nas regiões mais populosas do país.