BNDES amplia crédito para Cooperativas: nova era para o cooperativismo no Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu um passo importante para fortalecer ainda mais o cooperativismo no Brasil. Em 2024, a instituição desembolsou R$ 37 bilhões em crédito para cooperativas e anunciou um novo acordo de cooperação técnica com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), com o objetivo de ampliar o acesso ao crédito para esse modelo de organização produtiva.
A iniciativa representa uma virada estratégica para impulsionar o crescimento sustentável e descentralizado da economia, principalmente em regiões menos atendidas pelo sistema bancário tradicional.
A força econômica das Cooperativas no Brasil
Hoje, o Brasil conta com aproximadamente 4.500 cooperativas, um crescimento de 50% nos últimos 20 anos. A maioria delas atua no setor agropecuário, responsável por metade da produção de alimentos do país. De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o sistema cooperativista envolve 23,5 milhões de trabalhadores cooperados e gera 550 mil empregos formais. Além disso, o setor já fatura cerca de R$ 692 bilhões ao ano.
Esses números demonstram que o cooperativismo não é apenas uma alternativa de organização econômica, mas sim um motor fundamental do desenvolvimento regional e social.
Do total de R$ 37 bilhões em crédito concedido em 2024, R$ 34,4 bilhões foram direcionados a pequenas e médias empresas — uma clara demonstração de que o BNDES está focado em democratizar o acesso ao crédito. Em 73% dos contratos firmados, os recursos foram para cooperativas, que têm atuação capilarizada e alcançam cidades onde os bancos tradicionais não chegam.
Mais de mil municípios brasileiros só contam com cooperativas como opção bancária, o que reforça seu papel essencial na inclusão financeira da população.
Expansão para o Norte e Nordeste
Historicamente mais presentes nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, as cooperativas devem agora ganhar impulso nas regiões Norte e Nordeste. Segundo Mercadante, essa é uma prioridade estratégica para equilibrar o desenvolvimento nacional. Já Márcio Freitas, presidente da OCB, revelou metas ambiciosas: alcançar 30 milhões de cooperados, atingir R$ 1 trilhão em faturamento e chegar a um milhão de empregos diretos até 2027.
Impacto social: menos pobreza e mais renda
Além dos benefícios econômicos, o cooperativismo também tem mostrado impactos sociais relevantes. Um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligado à USP, revela que em localidades com presença de cooperativas de crédito:
- São gerados 25,3 empregos formais para cada mil habitantes;
- A massa salarial aumenta em R$ 115,50 por habitante;
- Há redução de 12,3 famílias na extrema pobreza por mil habitantes;
- E 20,5 famílias a menos no Cadastro Único (CadÚnico) por mil habitantes.
Esses dados mostram que o cooperativismo é um poderoso agente de transformação social, reduzindo a dependência do Estado e promovendo inclusão financeira.
Com a ampliação da oferta de crédito pelo BNDES e o fortalecimento das cooperativas, o Brasil avança em direção a um modelo econômico mais justo, colaborativo e inclusivo. Ao investir no cooperativismo, o país não apenas distribui renda, mas também gera oportunidades reais de trabalho e desenvolvimento nas mais diversas regiões.