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Bancos alertam: crescimento do crédito deve perder força em 2025

Bancos veem expansão do crédito desacelerar gradualmente em 2025

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou recentemente a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas, mostrando que a expansão do crédito no Brasil deve desacelerar gradualmente em 2025. Segundo o levantamento, 70% dos bancos consultados acreditam que o ciclo de queda da Selic só terá início no primeiro trimestre de 2026, mantendo a taxa básica de juros em 15% ao ano até o final de 2025.

A pesquisa realizada entre 5 e 11 de agosto com 20 bancos revela que, mesmo com expectativas de inflação em patamar elevado, o mercado financeiro enxerga sinais de melhora gradual no cenário econômico brasileiro.

Projeções de inflação e impacto sobre o crédito

O estudo mostra que 70% dos bancos esperam que o IPCA (índice oficial de inflação) fique entre 5% e 5,5% em 2025, enquanto 30% acreditam em inflação abaixo de 5%. Essa percepção de controle gradual da inflação influencia diretamente o comportamento do crédito, uma vez que taxas de juros mais estáveis estimulam empréstimos e financiamentos.

Segundo Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban:
“As projeções mostram uma aparente consolidação das expectativas para o desempenho da economia. A manutenção da Selic em 15% ao ano até o fim de 2025 indica uma política monetária cautelosa, com atenção à inflação e ao crescimento do crédito.”

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Como funciona o ciclo de queda da Selic

De acordo com a pesquisa, o início do ciclo de queda da taxa Selic deve ocorrer em janeiro de 2026, com reduções graduais:

  • Primeira reunião de 2026: queda de 0,25 ponto percentual (pp), para 14,75% ao ano.
  • Segunda reunião de 2026: redução de 0,50 pp, atingindo 14,25% ao ano em março.

Essa previsão reforça a expectativa de que a política monetária será gradual e conservadora, evitando choques econômicos e controlando a inflação, ao mesmo tempo em que busca estimular o crescimento do crédito e da economia.

Crescimento do crédito em 2025

A pesquisa aponta que o crescimento do crédito deve se manter estável em 8,7% em 2025, mas com sinais de desaceleração no segundo semestre. Alguns destaques do levantamento incluem:

  • Crédito direcionado para pessoas jurídicas (PJ): expansão prevista de 10,9%, impulsionada por programas públicos de crédito e linhas de financiamento específicas para empresas.
  • Crédito direcionado para pessoas físicas (PF): crescimento estável em 9,1%, refletindo a continuidade de programas sociais e facilidades de financiamento habitacional e consumo.
  • Crédito livre para empresas: redução da expectativa de 6,1% para 5,9%, devido a condições financeiras mais restritivas e concorrência com operações direcionadas e mercado de capitais.
  • Crédito livre para famílias: aumento da projeção de 9,5% para 9,7%, sustentado por um mercado de trabalho ainda aquecido e maior confiança do consumidor.

No total, a carteira de crédito direcionado projeta alta de 9,6%, enquanto a carteira livre deve crescer 8,1%, mostrando diferenças claras entre tipos de crédito e público-alvo.

Perspectivas para 2026

Para o próximo ano, a Febraban prevê:

  • Crédito total: expansão de 7,8%, ligeiramente inferior à expectativa de 7,9% registrada anteriormente.
  • Crédito livre: crescimento de 7,4%, refletindo menor dinamismo para empresas.
  • Crédito direcionado: alta de 8,5%, beneficiada por programas públicos.

Em relação à atividade econômica, 70% dos bancos esperam que o PIB brasileiro cresça cerca de 2,2% em 2026, mantendo o atual consenso do mercado e com menor dispersão de expectativas.

Inadimplência e riscos do crédito

A taxa de inadimplência permanece como ponto de atenção:

  • Carteira de crédito livre: projetada em 5%, estável em relação a 2025, mas em patamar superior ao observado em 2024.
  • Carteira de crédito direcionado: apresenta menor risco, devido a regras mais rígidas de concessão e programas públicos que incentivam pagamentos regulares.

O cenário indica que, mesmo com desaceleração do crescimento do crédito, os bancos esperam manutenção da qualidade da carteira, com riscos contidos, mas exigindo atenção contínua à inadimplência, principalmente em linhas de crédito livre para empresas.

Conclusão: cenário econômico e oportunidades

O levantamento da Febraban evidencia que:

  • A política monetária deve permanecer cautelosa e gradual, com início do ciclo de queda da Selic previsto apenas para 2026.
  • O crescimento do crédito deve desacelerar, especialmente para empresas, enquanto o crédito para famílias e linhas direcionadas segue mais dinâmico.
  • A inflação em leve queda e o mercado de trabalho ainda aquecido ajudam a sustentar o consumo e o crédito direcionado.
  • A inadimplência exige atenção, mas não sinaliza crises imediatas, indicando estabilidade relativa na carteira de crédito.

O cenário reforça que o mercado bancário brasileiro está em processo de ajustes, conciliando crescimento do crédito, controle da inflação e manutenção de estabilidade econômica, com oportunidades principalmente para crédito direcionado e linhas voltadas a pessoas físicas.

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Redação Contraponto

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