CAPA

Você está pronta para ser questionada?

Liderança Educadora na Prática: por que acolher perguntas fortalece sua jornada como líder

Em minha participação no livro O Líder Educador, precisei revisitar várias fases da minha trajetória profissional. Uma das perguntas que mais me acompanhou nesse processo foi: em que momentos eu realmente cresci como líder?

Curiosamente, não foram aqueles em que tudo fluiu com facilidade. Foram os momentos em que fui desafiada. Questionada. Provocada a olhar por outros ângulos.

Nem toda liderança está pronta para ser desafiada. Mas toda liderança que busca evoluir precisa estar.

Por isso, o segundo pilar que trago nesta série Liderança Educadora na Prática é justamente esse: permitir-se ser questionada e provocada.

👉 Se você ainda não leu o primeiro artigo da série, recomendo começar por aqui: Liderar é Escutar com Presença e Intenção.

Ser desafiada nem sempre é confortável, especialmente quando estamos em posição de liderança. Existe uma expectativa (interna e externa) de que precisamos ter todas as respostas. Que demonstrar firmeza é manter o controle. Que ser questionada é sinal de fraqueza ou falta de preparo.

Mas isso não tem nada a ver com falta de liderança ou com insegurança nas decisões. Pelo contrário. Ser uma liderança que acolhe perguntas, provocações e contrapontos é sinal de força, confiança e maturidade.

Vale lembrar algo que vamos aprofundar no artigo 4: a liderança educadora transita entre diferentes papéis com consciência e flexibilidade. Às vezes guia, às vezes escuta. Às vezes aponta o caminho, outras vezes aprende junto. E essa capacidade de mudar de lugar, inclusive para o lugar de quem é questionada, é o que amplia a potência do coletivo.

A liderança que não pode ser questionada dificilmente será aprimorada.

Liderar também é ter coragem de reconhecer que o conhecimento vem de fora, de baixo e de todos os lados. É aprender, desaprender e, muitas vezes, aprender sendo questionada.

Já vivi situações em que uma pergunta simples de alguém do time me tirou do piloto automático e me fez repensar decisões importantes. Confesso: nem sempre foi fácil ouvir. Mas foi essencial.

Permitir-se ser questionada não diminui a liderança. Amplia. Enriquece. Evolui.

Quando a escuta está aberta, a confiança cresce. E times que confiam se tornam mais maduros, participativos e potentes.

Ao longo da minha jornada, percebi que as melhores ideias muitas vezes nascem do incômodo. Que o desconforto pode ser fértil. E que ouvir um “por que a gente faz assim?” pode abrir caminho para um “e se fizéssemos melhor?”.

Criar ambientes onde o questionamento seja bem-vindo é essencial para a construção de times fortes, diversos e conscientes. Não se trata de aceitar tudo ou dizer “sim” para tudo, mas de criar espaço para o diálogo respeitoso, para o aprendizado mútuo e para a coautoria.

Liderança educadora não é sobre ter sempre a última palavra. É sobre ter coragem para escutar a próxima pergunta.

E você? Está pronta (ou pronto) para ser questionada?

Ale Rabin

Ale Rabin é, acima de tudo, humana. Mãe, ceramista e executiva com mais de 30 anos de experiência em empresas como Loggi, Johnson & Johnson, Yahoo, Vivo e UOL. Atuou em tecnologia, operações, experiência e sucesso do cliente, integrando dados, pessoas e estratégia. Fundadora do TATUdoBEM e cofundadora do Nós, também é conselheira TrendsInnovation, mentora e palestrante. Apaixonada por gente, conecta múltiplos papéis com visão nexialista e multicultural, unindo diversidade de ideias e culturas para gerar impacto real.

Artigos relacionados