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Taxação dos EUA Pode Gerar Inadimplência em Efeito Cascata no Brasil

A nova tarifa imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, fixada em 50% a partir de 1º de agosto de 2025, acende um alerta vermelho para empresas exportadoras, fornecedores e todo o ecossistema produtivo nacional. Segundo especialistas, a medida representa um risco direto de aumento da inadimplência em cadeia e pressiona o fluxo de caixa de empresas de diversos setores estratégicos.

O que muda com a nova tarifa americana?

Com o anúncio, os EUA — que absorvem cerca de 12% das exportações brasileiras, o equivalente a US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2025 — impõem uma barreira significativa à competitividade nacional. Exportadores agora enfrentam um dilema:

  • Reduzem preços e sacrificam margens,
  • ou abandonam o mercado americano, com perda direta de receita.

Impactos no capital de giro e no fluxo de caixa

De acordo com Silvano Boing, CEO da Global, “o aumento da tarifa gera um choque direto no capital de giro das exportadoras”. Sem saída imediata, essas empresas terão dificuldade para cumprir obrigações com fornecedores, prestadores de serviço e operadores logísticos — abrindo caminho para atrasos em pagamentos e inadimplência.

Setores mais afetados pela taxação dos EUA

1. Siderurgia

O aço brasileiro, que representa 10% das exportações ao mercado americano, deve perder quase 40% da sua receita externa.

2. Aeronáutico

A Embraer e sua cadeia produtiva enfrentam forte desvantagem competitiva frente à Airbus e à Boeing, com risco de perda de contratos e empregos.

3. Agronegócio

Carnes, café e suco de laranja — produtos com forte penetração nos EUA — devem sofrer com queda de demanda externa e excesso de oferta interna, pressionando os preços no Brasil.

4. Indústria de transformação

Segmentos como têxteis, calçados e máquinas já projetam queda imediata nas vendas e possível retração na produção e no emprego.

Efeitos macroeconômicos: o risco além da tarifa

Ainda que o impacto direto sobre o PIB brasileiro seja estimado entre 0,3 e 0,4 ponto percentual, os efeitos secundários são os mais preocupantes:

Pressão cambial e inflação

O real já perdeu 5% de valor frente ao dólar desde o anúncio, o que pode:

  • Encarecer insumos e produtos importados,
  • e aumentar a inflação interna.

Risco de paralisação de investimentos

A incerteza leva empresas a adiar planos de expansão, com impacto negativo no crescimento econômico a médio prazo.

Inadimplência: o elo mais fraco da cadeia

Com menos receita e mais incerteza, empresas exportadoras se tornam maiores riscos de crédito, e podem:

  • Cancelar pedidos de fornecedores nacionais,
  • Atrasar pagamentos a parceiros,
  • Reduzir vagas de trabalho e contratos terceirizados.

Esse cenário reforça a importância de uma gestão de riscos eficiente e de políticas públicas que estimulem a diversificação de mercados externos, além de medidas emergenciais de proteção ao setor produtivo.

Redação Contraponto

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