Reincidência na inadimplência atinge 83,95% dos consumidores em agosto de 2025
Estudo da CNDL e SPC Brasil revela alta na reincidência de dívidas e queda na recuperação de crédito, evidenciando desafios para a economia

Em agosto de 2025, o Brasil registrou 71,78 milhões de consumidores com o nome negativado, um índice que reforça a gravidade da inadimplência no país. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil, 83,95% dos casos foram de devedores reincidentes, ou seja, pessoas que já haviam estado em situação de inadimplência nos últimos 12 meses. Esse dado revela um ciclo difícil de quebrar, em que a maioria dos consumidores volta a contrair dívidas sem conseguir quitá-las.
Perfil dos devedores reincidentes
Entre os reincidentes de agosto, 62,63% ainda não haviam quitado pendências anteriores e foram negativados novamente, enquanto 21,32% chegaram a sair da lista de inadimplentes, mas retornaram. Apenas 16,05% dos consumidores negativados no período não tinham histórico recente de restrições no CPF. O tempo médio entre o vencimento de uma dívida e a próxima inadimplência foi de 75,6 dias, mostrando a rapidez com que os compromissos financeiros voltam a se acumular. A faixa etária de 30 a 39 anos se destaca como a mais representativa entre os inadimplentes reincidentes, com 25,81%. Em termos de gênero, a distribuição é equilibrada, sendo 53,60% mulheres e 46,40% homens.
Impacto da inadimplência na economia
O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que o alto número de devedores afeta não apenas as famílias, mas também o consumo, a concessão de crédito e o crescimento econômico. O cenário é agravado pelos juros elevados e pelo ambiente macroeconômico desfavorável, que formam uma verdadeira “bola de neve” de dívidas. Esse ciclo vicioso aumenta a vulnerabilidade financeira dos brasileiros e fragiliza ainda mais a economia nacional.
Queda na recuperação de crédito
Se por um lado a reincidência cresce, por outro a recuperação de crédito apresenta queda. O indicador do SPC Brasil apontou redução de 12,59% no número de consumidores que conseguiram limpar o nome nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, em comparação com o período anterior. A maior retração foi observada entre aqueles que demoraram de 4 a 5 anos para quitar suas dívidas, com queda de 21,40%.
Perfil dos consumidores que recuperaram crédito
Entre os que conseguiram quitar pendências em agosto, a faixa etária de 50 a 64 anos foi a mais representativa, com 22,58% do total. A divisão por gênero segue equilibrada, com 52,01% mulheres e 47,99% homens. O valor médio pago foi de R$ 2.721,26, considerando a soma de todas as dívidas liquidadas. No entanto, mais da metade dos consumidores recuperados (56,18%) pagaram até R$ 500, o que evidencia que a maior parte da recuperação está concentrada em pequenos débitos.
Desafios para reduzir a inadimplência
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, alerta que a queda na recuperação de crédito indica um processo lento e insuficiente para reverter o cenário atual. Com dívidas de baixo valor sendo liquidadas e juros elevados dificultando negociações, milhões de brasileiros permanecem em situação de exclusão financeira, sem acesso pleno ao mercado de crédito. Segundo ele, somente uma ação coordenada entre o setor financeiro, o governo e iniciativas de educação financeira poderá interromper esse ciclo e abrir caminho para uma recuperação sustentável da economia.