
O ano de 2025 foi, sem dúvida, um divisor de águas para a inteligência artificial. Vimos a IA generativa amadurecer, saindo dos laboratórios e se integrando de forma tangível em nossas ferramentas de trabalho e no nosso dia a dia. Modelos de linguagem como o Gemini 3 do Google 1 nos mostraram um vislumbre de um raciocínio quase humano e uma capacidade multimodal impressionante. Mas, como costuma acontecer com tecnologias exponenciais, o que vivemos foi apenas o aquecimento.
Eu sou Diego Dalledone, e ao observar a trajetória da inovação, aprendi que os maiores saltos não são apenas melhorias incrementais, mas sim mudanças fundamentais na forma como interagimos com a tecnologia. E é exatamente isso que prevejo para 2026. Se 2025 foi o ano em que a IA aprendeu a conversar, 2026 será o ano em que ela aprenderá a agir.
As conversas nos círculos de tecnologia e as análises de mercado apontam para uma nova fase, marcada por sistemas mais autônomos, especializados e profundamente integrados no tecido de nossas vidas e negócios. Estamos nos movendo para além da simples geração de conteúdo para um ecossistema onde a IA executa tarefas, gerencia processos e até mesmo interage com o mundo físico.
Neste artigo, vamos explorar as tendências mais promissoras que moldarão o cenário da inteligência artificial em 2026. Com base em insights de fontes como Team Lewis, McKinsey e outros analistas da indústria 2 3 , mergulharemos em quatro grandes movimentos:
- A Ascensão dos Agentes Autônomos (IA Agêntica)
- A Especialização da IA: Modelos de Domínio e IA Física
- A IA Nativa: Plataformas, Segurança e a Nova Experiência Digital
- Governança e o Fator Humano na Era da Autonomia
Prepare-se para descobrir um futuro onde a IA não é apenas uma ferramenta que você usa, mas um colaborador com quem você trabalha.
A Ascensão dos Agentes Autônomos (IA Agêntica)
A tendência mais transformadora para 2026 é, sem dúvida, a ascensão da IA Agêntica. Este conceito, que começou a ganhar força em 2025, representa a evolução natural da IA generativa. Em vez de um único modelo monolítico que tenta fazer tudo, a IA Agêntica funciona como uma rede de agentes especializados que colaboram para atingir um objetivo.
Mas o que isso significa na prática? Significa passar de uma IA que responde a comandos para uma que entende uma meta e cria um plano para alcançá-la. A Google define a IA Agêntica como “uma forma avançada de inteligência artificial focada na tomada de decisões e ações autônomas” 2 .
Imagine que você precisa organizar uma viagem de negócios. Com a IA de 2025, você pediria para “pesquisar voos para Nova York na próxima semana”. Com um sistema agêntico em 2026, você dirá: “Preciso estar em Nova York para uma reunião na terça-feira às 14h; organize minha viagem”. O sistema então entraria em ação:
- Agente de Pesquisa: Encontraria os voos e hotéis mais adequados, considerando suas preferências passadas.
- Agente de Calendário: Verificaria sua agenda para evitar conflitos.
- Agente de Reservas: Realizaria a compra das passagens e a reserva do hotel, utilizando suas informações de pagamento de forma segura.
- Agente de Comunicação: Enviaria um e-mail de confirmação e adicionaria o itinerário ao seu calendário.
Essa abordagem distribuída, onde pequenos agentes cuidam de tarefas específicas sob a coordenação de um modelo de linguagem mais geral, é incrivelmente poderosa. Ela permite que a IA se adapte em tempo real, aprenda com o feedback e se torne mais precisa e ajustada às necessidades do usuário a cada interação 2 . Empresas já estão usando essa abordagem para automatizar processos complexos de suporte ao cliente e diagnóstico técnico, e em 2026, veremos isso se expandir para praticamente todas as funções de negócios, desde marketing até finanças e logística.
A Especialização da IA: Modelos de Domínio e IA Física
Outro grande movimento para 2026 será a especialização. A era dos modelos de linguagem gigantes (LLMs) que tentam saber tudo sobre tudo está dando lugar a abordagens mais eficientes e focadas.
Modelos de Linguagem de Domínio Específico (DSLMs)
Uma das tendências destacadas para o próximo ano é a ascensão dos DSLMs 2 . Em vez de usar um modelo massivo treinado com toda a internet para analisar um contrato legal, as empresas usarão modelos menores, treinados especificamente com um vasto corpus de documentos jurídicos. O resultado é uma IA mais rápida, mais barata, muito mais precisa e com menos chances de “alucinar” ou cometer erros factuais dentro de seu campo de conhecimento.
Em 2026, veremos uma proliferação desses modelos especializados em áreas como medicina, finanças, engenharia e direito. Isso não apenas democratizará o acesso à IA de alta performance, mas também permitirá a criação de aplicações muito mais sofisticadas e confiáveis para nichos específicos.
IA Física (Physical AI)
A especialização não se limitará ao software. A IA está finalmente dando o salto do mundo digital para o físico. A chamada IA Física engloba robôs, drones, veículos autônomos e outros dispositivos inteligentes que usam sensores e atuadores para perceber o ambiente e agir sobre ele 2 .
Em 2026, a automação em armazéns com robôs que navegam de forma autônoma, drones que realizam inspeções de infraestrutura em locais remotos e sistemas de logística que operam com mínima intervenção humana se tornarão comuns. Analistas preveem que, até 2028, metade dos dez maiores fornecedores de IA terá produtos focados exclusivamente em IA Física 2 . Essa é a materialização da inteligência, onde os ganhos de produtividade que vimos no mundo digital começarão a transformar o mundo físico de maneira concreta.
A IA Nativa: Plataformas, Segurança e a Nova Experiência Digital
À medida que a IA se torna mais autônoma e especializada, ela também se tornará mais integrada ao nosso ecossistema digital. Em 2026, deixaremos de ver a IA como uma “camada” adicionada aos sistemas existentes e passaremos a vê-la como parte nativa da infraestrutura.
Plataformas Nativas de IA
A forma como desenvolvemos software está mudando radicalmente. Estão surgindo plataformas que usam IA generativa para criar aplicações inteiras a partir de um simples prompt ou de uma conversa. O chamado “vibe coding” permitirá que pessoas sem conhecimento técnico profundo possam criar software funcional através de interações simples 2 . Isso representa uma mudança de paradigma: a barreira entre a ideia e a execução está diminuindo drasticamente, permitindo que pequenas equipes tenham o poder de desenvolvimento de grandes departamentos.
Cibersegurança Preemptiva
Com a crescente autonomia dos agentes de IA, a segurança também precisa evoluir. A abordagem reativa de esperar por um ataque para depois responder está se tornando obsoleta. Em 2026, a cibersegurança preemptiva se consolidará como a nova norma. Usando IA, os sistemas de segurança poderão prever, bloquear e neutralizar ameaças antes que elas causem danos, analisando padrões e comportamentos para identificar vulnerabilidades em tempo real 2 .
Browsers com IA Integrada
Nossa principal porta de entrada para o mundo digital, o navegador, também será transformado. A próxima geração de browsers virá com agentes de IA inteligentes integrados, capazes de entender o contexto do que estamos fazendo, automatizar tarefas repetitivas e fornecer informações de forma proativa. A experiência de navegar na web se tornará mais parecida com ter um assistente de pesquisa pessoal ao seu lado o tempo todo.
Governança e o Fator Humano na Era da Autonomia
Finalmente, a maior autonomia da IA em 2026 forçará a sociedade a enfrentar de frente as questões de governança e o papel dos humanos nesse novo cenário.
Regulação e Ética
Não basta inovar; é preciso garantir que a inovação seja responsável. A União Europeia já está liderando o caminho com o EU AI Act, uma legislação ambiciosa que classifica os sistemas de IA por níveis de risco e aplica exigências proporcionais 2 . Aplicações de alto risco, como as usadas em saúde ou infraestrutura crítica, terão que cumprir critérios rigorosos de transparência, robustez e supervisão humana. Em 2026, veremos essa abordagem regulatória se espalhar globalmente, estabelecendo as regras do jogo para o desenvolvimento ético da IA.
O Futuro do Trabalho: Colaboração e Novas Habilidades
A automação de tarefas cognitivas levará a uma redefinição do trabalho. No entanto, em vez de uma substituição em massa, o que veremos em 2026 é a consolidação de um modelo de colaboração humano-máquina. A IA Agêntica cuidará das tarefas repetitivas e complexas, liberando os profissionais humanos para se concentrarem no que fazem de melhor: pensamento estratégico, criatividade, empatia e tomada de decisões de alto nível.
Isso exigirá uma adaptação. A habilidade de formular as perguntas certas para a IA, de supervisionar agentes autônomos e de interpretar os resultados gerados por eles se tornará mais valiosa do que a capacidade de executar a tarefa em si. O pensamento crítico, em vez de ser substituído, se tornará ainda mais crucial para validar e guiar as ações da IA.
Em resumo, 2026 se desenha como o ano em que a inteligência artificial deixa de ser uma ferramenta que operamos para se tornar um verdadeiro parceiro que colabora conosco. A transição será desafiadora, mas as oportunidades para aumentar a produtividade, a criatividade e resolver alguns dos problemas mais complexos do mundo serão imensas. A preparação para esse futuro começa agora.
Escrito por Diego Dalledone
Referências
[1] Google. (2025, 18 de novembro). Uma nova era da inteligência artificial com Gemini 3. Blog do Google Brasil.
[2] Pinto, R. F. (2025, 28 de novembro ). 8 Tendências de Inteligência Artificial (IA) para 2026. Team Lewis.
[3] McKinsey & Company. (2025, 25 de novembro ). Agentic AI explained: When machines don’t just chat, but act.






