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Banco Central quer transformar a poupança no motor do crédito imobiliário

O Banco Central estuda uma mudança estrutural no modelo de financiamento habitacional no Brasil. O presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, anunciou em julho de 2025 que o BC está avaliando uma transição gradual para que os recursos da poupança se tornem a principal fonte do crédito imobiliário no país, atualmente dominado pelo FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

A proposta é inspirada em modelos internacionais, nos quais a poupança cumpre papel central no financiamento de imóveis. No entanto, a mudança ainda está em fase de estudos e, segundo Galípolo, será implementada de forma progressiva.

Por que o Banco Central quer mudar a fonte do crédito imobiliário

Atualmente, a maior parte dos financiamentos habitacionais no Brasil utiliza recursos do FGTS, especialmente para atender à população de baixa e média renda, por meio de programas como o Minha Casa, Minha Vida. Apesar de eficiente em termos sociais, esse modelo centraliza o risco e depende fortemente de políticas públicas.

Já os recursos da poupança, captados diretamente pelos bancos com menor interferência estatal, são amplamente usados em países com mercados mais desenvolvidos. A ideia é criar um modelo mais sustentável a longo prazo, com menor dependência de fundos públicos e maior dinamismo no setor privado.

O papel do FGTS no crédito habitacional atual

O FGTS é, hoje, o principal instrumento de acesso à casa própria para milhões de brasileiros. Com taxas subsidiadas e prazos extensos, ele viabiliza financiamentos especialmente para trabalhadores de baixa renda. Só em 2024, a maior parte dos contratos de crédito imobiliário teve como origem os recursos do fundo.

Por outro lado, o modelo apresenta limitações. A dependência excessiva do FGTS pode gerar gargalos em momentos de instabilidade econômica ou restrição orçamentária. Além disso, há críticas sobre a rentabilidade dos recursos, que poderiam ser melhor aproveitados em modelos alternativos.

A poupança como alternativa para o financiamento

A proposta do Banco Central é ampliar o uso dos recursos da caderneta de poupança, tradicionalmente considerados seguros e de fácil acesso pelos brasileiros. Em países com perfil econômico semelhante ao do Brasil, como México e Turquia, esse modelo já é adotado com sucesso.

A ideia é diversificar as fontes de crédito e fortalecer o papel do sistema financeiro no desenvolvimento do setor habitacional. Com isso, seria possível oferecer mais opções de financiamento ao consumidor, com taxas competitivas e menos dependência de subsídios governamentais.

Transição será lenta e gradual, segundo Galípolo

O presidente do Banco Central foi enfático ao afirmar que essa mudança de modelo não ocorrerá de forma abrupta. Em evento da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo, Galípolo explicou que a transição será feita de maneira responsável e em diálogo com os diversos setores envolvidos.

Ele destacou que “não vai ser do dia para a noite”, reconhecendo que o atual modelo cumpre um papel importante, mas que há espaço para evolução e maior equilíbrio entre fontes públicas e privadas de financiamento.

Possíveis impactos da mudança para o consumidor

Caso a proposta avance, os consumidores poderão ter acesso a um mercado de crédito mais competitivo e menos dependente de subsídios. Por outro lado, é possível que algumas linhas de financiamento deixem de ter as mesmas condições vantajosas hoje oferecidas com o uso do FGTS.

A mudança pode favorecer o surgimento de novos produtos bancários, maior inovação no setor e estímulo à poupança. No entanto, será fundamental manter instrumentos de proteção aos grupos de menor renda, garantindo o acesso à moradia digna como direito social.

Conclusão: uma proposta para modernizar o crédito habitacional

A iniciativa do Banco Central de redirecionar o financiamento imobiliário da dependência do FGTS para os recursos da poupança representa um passo estratégico rumo a um modelo mais equilibrado e sustentável. Embora ainda em fase de estudo, a proposta indica uma possível transformação no setor, com impactos diretos no mercado imobiliário, nas políticas públicas e na vida de milhões de brasileiros.

O sucesso dessa transição dependerá da capacidade do governo e do setor financeiro de implementar políticas que equilibrem inovação, segurança e inclusão social.

Redação Contraponto

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