Automação Inteligente: o equilíbrio entre IA e a intervenção humana na prevenção a fraudes

Recentemente, durante uma reunião com outros executivos, uma frase dita por um dos participantes chamou minha atenção: “Precisamos expandir nossos conhecimentos em inteligência artificial (IA) e identificar oportunidades, pois não é viável aumentar a equipe sempre que a demanda cresce.” Isso me fez refletir sobre as atividades do meu time na área de Prevenção a Fraudes. Seria possível atender à crescente demanda utilizando IA de forma eficiente, mantendo a equipe enxuta e aproveitando ao máximo as oportunidades que a tecnologia oferece?
Minha conclusão, até o momento, é que ainda não estamos completamente prontos para isso. A aplicação plena da IA em todos os processos ainda parece distante. Nos casos em que já utilizamos machine learning e redes neurais para validar transações financeiras em cartões e contas, percebo que o caminho é continuar aprimorando essas tecnologias, expandindo seu uso. Isso pode aumentar a precisão na identificação dos perfis dos clientes, ajudando a determinar, com mais exatidão, se uma transação foi realmente realizada pelo titular da conta.
Contudo, mesmo com esses avanços, ainda enfrentamos o risco de “falsos negativos.” A tecnologia precisa ser refinada para minimizar esses erros. À medida que a IA for mais treinada, a necessidade de intervenção humana tenderá a diminuir gradativamente.
Por outro lado, em processos que envolvem análise, coleta de informações e investigações, muitos aspectos ainda exigem a avaliação criteriosa de um especialista com profundo conhecimento do mercado. Nesse contexto, sou cauteloso quanto ao uso generalizado da IA. Embora a tecnologia seja aplicável a certas etapas do processo, ainda há momentos em que a intervenção humana é insubstituível.
Essa visão está alinhada com o que foi discutido no meu último artigo Desafios e estratégias na era da Inteligência Artificial: protegendo empresas contra ataques cibernéticos avançados.
Sempre fui defensor da automação de processos com RPA, pois isso libera os especialistas para focarem em soluções mais inovadoras e tecnológicas. A automação facilita tanto a gestão técnica quanto a de pessoas, mas só é eficaz quando os processos estão claramente definidos e estruturados. Com uma base sólida, podemos enxergar oportunidades de automação e adotar novas tecnologias com eficácia.
Não tenho dúvidas de que, em um futuro próximo, será possível automatizar cerca de 80% dos processos, especialmente com o apoio da IA. Contudo, essa transformação exigirá uma mudança no perfil dos profissionais. A formação deverá ser mais estratégica, focada na análise de dados e na identificação de desvios, para retroalimentar a tecnologia e torná-la cada vez mais precisa.
Sem essa mudança de “mindset”, corremos o risco de implementar a IA de forma prematura. Se mal planejada ou treinada, a tecnologia pode gerar mais custos do que benefícios, comprometendo sua eficácia e, em vez de otimizar operações, pode acabar aumentando as despesas operacionais.
Em conclusão, a Inteligência Artificial oferece um imenso potencial para transformar a maneira como lidamos com a prevenção a fraudes e outros processos críticos dentro das organizações. No entanto, essa transformação não ocorrerá de forma imediata ou sem desafios. A combinação entre automação, IA e intervenção humana, aliada a um planejamento estratégico sólido, será essencial para alcançar uma operação mais eficiente e eficaz. A evolução tecnológica deve caminhar lado a lado com a evolução dos profissionais, que precisam estar preparados para atuar em um cenário cada vez mais orientado por dados e tecnologias avançadas.
O futuro será marcado por um equilíbrio entre a adoção de novas ferramentas e a expertise humana, onde a tecnologia será uma aliada indispensável, mas sempre em sinergia com o conhecimento especializado. Assim, a transição para uma era de maior automação só trará resultados positivos se for conduzida com clareza, cautela e uma visão de longo prazo.