Saldo das operações de crédito alcança R$ 6,5 trilhões em fevereiro

O mercado de crédito brasileiro segue em crescimento mesmo diante de um cenário econômico desafiador. Em fevereiro de 2024, o saldo das operações de crédito no país somou R$ 6,5 trilhões, com uma expansão de 0,4% em relação a janeiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira(09/04). A seguir, você confere uma análise detalhada sobre os dados mais recentes e o que eles indicam para empresas, famílias e para o setor financeiro como um todo.
Expansão do crédito para empresas e famílias
O avanço do crédito em fevereiro foi impulsionado por crescimentos tanto nas carteiras destinadas às empresas quanto às famílias. O crédito para pessoas jurídicas cresceu 0,5%, atingindo R$ 2,5 trilhões, enquanto o crédito às famílias aumentou 0,4%, totalizando R$ 4 trilhões.
Esse crescimento mostra uma tendência de retomada gradual da confiança, tanto por parte das empresas que buscam financiamento para capital de giro e investimentos, quanto das famílias que seguem demandando crédito, especialmente nas modalidades mais acessíveis, como o consignado e o rotativo.
O crédito com recursos livres, negociado diretamente no mercado, se manteve estável no mês, mas apresenta um crescimento robusto de 11,3% nos últimos 12 meses, alcançando R$ 3,7 trilhões.
Entre as empresas, o crédito livre somou R$ 1,5 trilhão, com leve alta de 0,1% no mês e avanço de 9,8% em um ano. Destacam-se:
- Capital de giro com prazo inferior a 365 dias: +7,9%
- Antecipação de faturas de cartão: +1,8%
- Financiamento de veículos: -0,7% (queda)
Já entre as famílias, o saldo chegou a R$ 2,2 trilhões, com alta de 12,4% em 12 meses. Apesar da estabilidade no mês, a composição da carteira revela movimentações importantes:
- Cartão de crédito à vista: -2,2%
- Crédito pessoal não consignado (composição de dívidas): -2,5%
- Crédito pessoal não consignado (livre): +1,4%
- Crédito consignado para beneficiários do INSS: +1,4%
- Cartão de crédito rotativo: +2,6%
Crédito direcionado: avanço impulsionado por programas governamentais
As operações de crédito direcionado — com recursos subsidiados por instituições públicas — somaram R$ 2,7 trilhões, com alta mensal de 0,9% e avanço de 12,5% em 12 meses.
Destaques:
- Empresas: R$ 909,9 bilhões (+1,1% no mês / +12,2% no ano)
- Famílias: R$ 1,8 trilhão (+0,9% no mês / +12,6% no ano)
Esse desempenho reforça o papel das políticas públicas no fomento ao crédito, especialmente em setores estratégicos como habitação, agricultura e infraestrutura.
Juros e spread bancário: pressão sobre o crédito
A taxa média de juros das concessões subiu para 30,5% ao ano, representando alta de 0,7 ponto percentual no mês e 2,6 p.p. em 12 meses. A análise por segmento mostra:
- Empresas: 21% ao ano
- Famílias: 35% ao ano
O spread bancário atingiu 19,4 p.p., evidenciando o custo elevado do crédito no Brasil, com aumento de 1,1 p.p. no mês.
Inadimplência segue estável, mas em nível elevado
A taxa de inadimplência das operações de crédito total — considerando atrasos superiores a 90 dias — ficou em 3,3% em fevereiro. Embora o número esteja estável nos últimos 12 meses, houve um leve aumento de 0,1 p.p. no mês, o que exige atenção, especialmente em tempos de juros elevados e endividamento das famílias.
O crescimento contínuo do crédito no Brasil, tanto para empresas quanto para famílias, mostra resiliência da economia e maior acesso a recursos financeiros. No entanto, a elevação das taxas de juros e o nível de inadimplência indicam que é preciso cautela, tanto para quem concede quanto para quem toma crédito.
Empresas e consumidores devem avaliar bem suas condições antes de se comprometerem com novas dívidas, enquanto o sistema financeiro precisa balancear estímulo e segurança para manter a sustentabilidade das carteiras.